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24 de Janeiro de 2011 às 11:48

O Bloco Central e o Sporting

O famoso projecto para o Sporting do sr. José Roquette faleceu naturalmente. Com um último estertor, assegurado pelo sr. José Eduardo Bettencourt, actor de uma tragédia num copo e água.

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O Sporting cometeu o seu último erro: remunerou mensalmente, de forma principesca, um espectador que pouco ou nada fez pelo clube. Pior, sob a sua gestão, o Sporting abdicou de fazer parte dos três grandes que dominam o futebol português há décadas. Suicidou-se e deixou o poder nas mãos do FC Porto e do Benfica, o novo Bloco Central do futebol português. Quando o sr. Roquette apresentou o seu hoje famoso projecto para o Sporting ele assentava na aplicação de princípios de gestão empresarial a um clube de futebol, onde as emoções dos adeptos têm de viver com o dinheiro. Ele queria a ruptura com o modelo tradicional do clube português, que vivia sobretudo de mecenas que apresentavam craques como trunfos eleitorais. Queria, também, criar um modelo desportivo que fosse atractivo para os accionistas da SAD, numa altura em que todos consideravam que o futebol poderia ser uma nova galinha dos ovos de ouro.

O modelo estava testado no Ajax ou no Lyon: nas academias criavam-se jovens que poderiam ser colocados no mercado e, com as receitas pagava-se o futebol profissional e remuneravam-se accionistas. O problema é que o Sporting nunca conseguiu equilibrar essa teoria com a necessidade de resultados rápidos para alegrar os adeptos e, ao mesmo tempo, remunerar os accionistas. O mundo do futebol é mais complexo: nele convivem as emoções à flor da pele dos adeptos, que querem é resultados rápidos e não projectos, e empresários de jogadores e direitos televisivos. O Sporting afundou-se numa espiral de más decisões estratégicas, escolhas duvidosas para a gestão do futebol e implosão do famoso projecto do sr. Roquette. Isto enquanto o FC Porto solidificava a sua posição no futebol nacional e o Benfica continuava a ser a maior marca nacional em termos de futebol.

Entre estes dois monstros, o Sporting passou a tremer na altura do penalty: sonha que poderá transformar-se numa réplica, com mais adeptos, do Belenenses. O Bloco Central do futebol nacional bloqueou o futuro do Sporting, entretido nas suas guerras com o rival da Segunda Circular. O adeus extemporâneo do sr. Bettencourt (especialmente depois de ter contratado o sr. Couceiro) foi a machada final no projecto do sr. Roquette. O Sporting que saia daqui, muito possivelmente nas mãos de alguém que nunca escondeu a sua ambição, o sr. Rogério Alves, será outro. Mais emocional e menos racional. E aí, ou renasce ou morre.
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