Opinião
O bairro do Ippar
Portugal orgulha-se de desprezar a sua memória. Basta percorrermos a Baixa pombalina para percebermos que a nossa atenção pelo património é nula.
É por isso que o processo de classificação do Bairro Alto como património nacional pelo Ippar não deixa de nos fazer sorrir.
Depois de muitos moradores na zona terem protestado activamente contra o que se passa no Convento dos Inglesinhos (onde a anterior administração da Santa Casa e o Governo PS tiveram uma acção deplorável), a entidade que faz doutrina sobre a memória nacional decidiu deixar de estar sentada. E está a fingir que age.
Pode ser bom para o futuro, mas não invalida a sua inoperacionalidade no passado.
O Ippar é um dos casos de ficção científica a nível nacional. Não actua quando deve e age quando deveria estar quieto.
Quando não existir património se verá o que vão fazer os seus responsáveis. Agora dizem que vão tornar o Bairro Alto um castelo contra as invasões bárbaras.
Antes permitiram que, por exemplo, o Convento dos Inglesinhos e que o muro de contenção que terá sido da autoria de Carlos Mardel fosse devastado.
O próprio Aqueduto das Águas Livres tem sido cortado a eito. E o que faz o Ippar? Assobia para o ar?