Não podia deixar de escrever sobre o novo Governo, mas ainda que não queira opinar sobre a qualidade geral do elenco, deixo aqui algumas considerações pessoais sobre alguns futuros governantes.

Desde logo, os que ficarão com as pastas ligadas a assuntos económicos. E começo por perguntar: porque é que António Mexia tinha incompatibilidades em ir para o Ministério da Economia, por – dizia-se – motivos óbvios (Mexia liderava a Galp que estava a ser objecto de colocação de parte do capital e Mexia estava directamente envolvido num processo que ainda não estava concluído) e Álvaro Barreto não tem? Lembre-se que Álvaro Barreto liderava a Soporcel e ficou administrador da Portucel, tendo permanecido mesmo depois de Pedro Queiroz Pereira ter assumido os destinos da empresa de pasta e papel.

Ora, a Semapa, de Pedro Queiroz Pereira, teve de lançar uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre a Portucel e o Estado tem de decidir se vende ou não os seus 26% nessa operação. Ainda que o Ministério das Finanças tenha dito, ainda no tempo de Manuela Ferreira Leite, que não vendia. Apesar de já o ter dito, a mudança de Governo pode mudar esta intenção ou não, mas só na ocasião da Oferta é que o estado terá mesmo de decidir. E sendo Álvaro Barreto o «homem-forte» dos assuntos económicos deverá passar por ele qualquer decisão. Então, fica a pergunta: porque é que para Mexia era incompatível a Economia e para Barreto não é? A resposta não sei, mas o certo é que não foi.

Quanto a Mexia nas Obras Públicas, não querendo aferir da qualidade do ex-CEO da Galp, é fácil perceber que este ministério está a precisar de um gestor, quer para definir o futuro das empresas públicas nos transportes – que precisam de medidas drásticas de gestão – quer, por outro lado, redefinir os contratos para pôr fim às SCUT (auto-estradas sem custos para o utilizador). Nada melhor do que um gestor...