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Gato no Sofá

Há dias fui ver a exposição dedicada a Le Corbusier no Museu Berardo e aproveitei, também, para percorrer a mostra de fotografia "Utopia", também no CCB, porque, de alguma maneira, elas representam os biombos que dividem o sonho e a realidade da arquitectura moderna.

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Os biombos de Le Corbusier

Há dias fui ver a exposição dedicada a Le Corbusier no Museu Berardo e aproveitei, também, para percorrer a mostra de fotografia "Utopia", também no CCB, porque, de alguma maneira, elas representam os biombos que dividem o sonho e a realidade da arquitectura moderna.

Não deixa de ser curioso como, em ambas as exposições, é visível o choque frontal entre os ideais (a criação de cidades perfeitas) e o seu resultado (os ambientes de "ghetto" em que se tornaram as urbanizações-modelo), como se a visão de impor ordem no paraíso caótico estivesse quase sempre destinada ao fracasso.

Ao ver a proposta de Le Corbusier para Argel (que, felizmente, não foi para a frente) e que teria levado à destruição do mítico "casbah" para se construir uma verdadeira Muralha da China na marginal, povoada de arranha-céus que pouco tinham a ver com a costa mediterrânica.

A exposição "Utopia" mostra como os edifícios construídos para serem sedes de um novo relacionamento do homem com o espaço urbano, se tornaram agressivos para as relações comunitárias. Lembramo-nos quando os subúrbios americanos foram criados como espaços idílicos para a emergente classe média, e hoje são locais onde o perigo está em cada esquina. Numa excelente exposição, o que mais me chocou negativamente foram as iniciativas de Le Corbusier na Índia, na cidade de Chandigarh e o que mais me fascinou foi o edifício Philips para a Exposição Mundial de 1958. Foi uma visita que me fez reflectir ainda mais sobre o destino de Lisboa e de Portugal.

Os dias pouco brilhantes da MTV

Quando surgiu, em Agosto de 1981, a MTV anunciava uma nova era. Era muito mais do que indicava o primeiro "video-clip" emitido, "Video Killed the Rádio Star" dos Buggles. Era o advento da globalização económica e cultural com base nos EUA. Não admira que ainda hoje se diga que a MTV fez mais pela queda do Muro de Berlim do que a pressão política e económica do Ocidente sobre o bloco soviético.

A MTV anunciava o mundo do fim das fronteiras e popularizou os chamados telediscos, fazendo com que a imagem passasse a ser mais importante do que o conteúdo. Não foi por acaso que os Duran Duran se tornaram estrelas globais. Não foi pela música: foi pela imagem.

Mas o tempo em que o vídeo mataria a rádio foi sendo substituído. Os tempos áureos do "glamour" e do dinheiro sem limites acabou. Ver a MTV hoje, na maioria dos casos (salvam-se casos como a MTV Two ou a MTV Brasil) é uma perfeita sonolência. Os telediscos deixaram de ser pequenas obras de arte, como antigamente. São exemplos minimais e baratos. Depois de uma fase de expansão global (da MTV Índia ao canal em mandarim), começou o retrocesso.

A MTV Flux fechou em Fevereiro. O YouTube ou o MySpace oferecem hoje mais diversidade do que o afunilamento da programação MTV. Num mundo global, cada vez começa a surgir uma nova fragmentação de escolhas. A MTV simboliza o mundo. Depois de se converter à globalização, começa a ter de olhar de novo para os nichos culturais. Que já não se revêem na cultura hegemónica representada pela MTV.

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