Opinião
Futebol, mentiras e televisão
O reboliço constante em que vive o Sporting nesta fase pré-eleitoral fez renascer uma discussão acutilante: é possível aos clubes que têm a obrigação de vencer, perante os adeptos, conviver pacificamente com uma gestão empresarial?
O sonho das SAD transparentes em Portugal morreu. Mas ninguém ainda acredita nisso, como se provou com a debandada do sr. Braz da Silva da candidatura ao Sporting, depois de ter dito que acabaria com a SAD ou, no mínimo, a retiraria da bolsa. Tema proibido que acabou com as suas hipóteses. Os adeptos, indiferentes a essas teorias, querem é resultados.
O sonho empresarial tem sobretudo a ver com a árvore das patacas das grandes competições europeias, com os direitos televisivos e com a publicidade. Queria transformar-se o futebol como desporto de massas no futebol como entretenimento que gerava massa. É efectivamente a participação na Liga dos Campeões que torna alguns clubes cada vez mais ricos, como mostra o último relatório da Deloitte. A maioria dos clubes que continuam na Liga dos Campeões são os que têm maiores receitas. As excepções são poucas: o Shaktar Donetsk é propriedade do maior empresário da Ucrânia. Ou seja, independentemente das palavras inocentes do sr. Platini para um "fair-play" nos gastos, os clubes ricos estão cada vez mais ricos. Mas as regras empresariais aqui são outras. O romance acabou. E isso tem a ver com esta época ainda fabulosa onde o Barcelona tem uma equipa constituída por jogadores das suas escolas e o Manchester United tem um treinador, o sr. Alex Ferguson, que está ali há 25 anos e acompanhou jogadores desde a juventude, como o sr. Giggs ou o sr. Scholes. O jogo entre o Barcelona e o Arsenal foi, de resto, um dos grandes momentos de poesia futebolística: há beleza e poder físico em harmonia.
Gerir um grande clube exige grandes receitas. Não admira que no topo da lista da Deloitte estejam Real Madrid (receitas de 439 milhões de euros) e Barcelona (398 milhões). A seguir lá vêm os inevitáveis Manchester United, Bayern de Munique, Arsenal, Chelsea e Inter de Milão. Ninguém duvida que o Manchester City, alimentado pelo petróleo do Golfo, esteja brevemente por aqui. E ninguém se admirará se, no Qatar do Mundial de futebol em 2022, surgir alguém para pagar mais de mil milhões de euros à família americana Glazer pelo Manchester United. O Qatar vai estar, em breve, na frente das camisolas do Barcelona, passando a Unicef para trás. Mas é ainda os direitos televisivos que fazem a diferença e Real Madrid e Barcelona sabem isso. E depois, em quase todos, há grandes ligações entre quem tem dinheiro e o poder dentro dos clubes: o sr. Berlusconni com o AC Milan, a família Moratti do petróleo no Inter, o sr. Abramovich está no Chelsea. Vivemos já noutro mundo empresarial.
O sonho empresarial tem sobretudo a ver com a árvore das patacas das grandes competições europeias, com os direitos televisivos e com a publicidade. Queria transformar-se o futebol como desporto de massas no futebol como entretenimento que gerava massa. É efectivamente a participação na Liga dos Campeões que torna alguns clubes cada vez mais ricos, como mostra o último relatório da Deloitte. A maioria dos clubes que continuam na Liga dos Campeões são os que têm maiores receitas. As excepções são poucas: o Shaktar Donetsk é propriedade do maior empresário da Ucrânia. Ou seja, independentemente das palavras inocentes do sr. Platini para um "fair-play" nos gastos, os clubes ricos estão cada vez mais ricos. Mas as regras empresariais aqui são outras. O romance acabou. E isso tem a ver com esta época ainda fabulosa onde o Barcelona tem uma equipa constituída por jogadores das suas escolas e o Manchester United tem um treinador, o sr. Alex Ferguson, que está ali há 25 anos e acompanhou jogadores desde a juventude, como o sr. Giggs ou o sr. Scholes. O jogo entre o Barcelona e o Arsenal foi, de resto, um dos grandes momentos de poesia futebolística: há beleza e poder físico em harmonia.
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