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Falta mão-de-obra ou falta gestão?

Frederico Fortunato, dono do grupo Kiaya (que detém marcas como Fly London, Foreva e Sapatália), queixa-se que não tem mão-de-obra

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Frederico Fortunato, dono do grupo Kiaya (que detém marcas como Fly London, Foreva e Sapatália), queixa-se que não tem mão-de-obra para as suas fábricas. A sua directora de produção, Emília Fernandes, vai ainda mais longe: diz que não consegue "tirar" gente dos centros de emprego; que o absentismo é elevado; e que ali, em Guimarães, "as pessoas não querem mesmo é trabalhar". Rui Neves, o autor da noticia, acrescenta um pormenor interessante, sintomaticamente desvalorizado por Fernandes: o salário mínimo é norma por aquelas bandas.

Vale a pena pensar nesta história… e aprender algo com ela. Primeiro: absentismo. Quando numa fábrica de 200 pessoas faltam por dia 18 a 20 (por motivos médicos) lembro-me da Autoeuropa há seis anos. E de como a empresa percebeu o problema, tomou medidas e tornou-se na mais produtiva do grupo VW (está tudo nos arquivos dos jornais, Emília)! Segundo: salários. Pelo que lemos, o grupo de Fortunato é um modelo (?) no sector: é rentável, aposta no exterior e criou marcas próprias (a Fly London é topo de gama em alguns mercados). Se assim é, o que leva Fortunato a cometer estes erros (v.g. oferecer salários baixos e ter uma directora que não se questiona se o principal problema não é mais da gestão do que dos trabalhadores)? E pensar que tudo isto acontece num dos poucos sectores que criou valor num ano difícil como o de 2009 (o preço do par de sapatos vendido por Portugal ao exterior subiu!)…

Das duas uma: ou as estatísticas estão incorrectas, ou há empresários a guardarem para si todo o "valor" criado pelas suas empresas.

camilolourenco@gmail.com







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