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06 de Novembro de 2007 às 13:59

Escutas ou delinquência juvenil

No dia 20 de Outubro, uma entrevista do procurador-geral da República ao semanário “Sol” despoletou uma onda de comentários sobre as escutas telefónicas que, apenas na pesquisa que efectuei no Google, no dia 1 de Novembro, permitiu identificar 20.300 refe

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No entanto, quando questionado sobre a criminalidade que mais o preocupa, Pinto Monteiro referiu a delinquência juvenil, tema que não provocou qualquer tipo de reacção, tendo dado origem apenas a 55 referências na mesma pesquisa.

Sem pôr em causa a importância das escutas, a verdade é que elas não afectam a vida quotidiana nem de 5%  da população que, regra geral, não têm qualquer informação importante a preservar, sendo contudo muito importantes para aqueles que lidam com informação sensível, nomeadamente políticos e jornalistas.

Relativamente a este assunto, Pinto Monteiro colocou o dedo na ferida ao dizer que “o mais preocupante vai ser a criminalidade violenta e grupal e a delinquência  juvenil.... ou se começa a tomar medidas ou ainda acontece o que aconteceu em Paris... Um miúdo de 15 ou 16 anos que exerce violência sobre o colega ou o professor, e que a directora, porque tem medo, não participa às autoridades, é uma situação tremenda... O controlo tem de passar pela “tolerância zero”.

A verdade é que esta situação está a minar não só a segurança, mas também o desenvolvimento económico do País, a possibilidade de ascensão social e os valores baseados numa sociedade de mérito.

Perante a degradação da disciplina na Escola Pública, os que têm possibilidades económicas colocam os seus filhos em colégios privados, enquanto os que não têm os colocam no ensino público onde, na maioria das escolas, existem problemas de disciplina. A prova está à vista nos resultados obtidos nos “rankings” das Escolas.

Uma parte significativa destes alunos habituou-se a um regime permissivo, onde é difícil “chumbar” e onde o passar de ano quase obrigatório é considerado sucesso escolar.

Como é óbvio, quando chegam ao mercado de trabalho, não têm conhecimentos, mas sobretudo não têm hábitos de disciplina, pontualidade e de trabalho: estavam habituados a que na Escola bastava ir quando lhes apetecia para irem passando os anos e não se adaptam a ter que trabalhar 40 horas por semana durante 48 semanas por ano.

As grandes empresas que, normalmente, pagam melhor e são mais atractivas, podem escolher e rejeitar este tipo de potenciais colaboradores, mas os empresários das PME queixam-se amargamente desta falta de mão-de-obra com hábitos de trabalho, preferindo recorrer a imigrantes com outros hábitos de trabalho, nomeadamente dos países de  Leste.

Entretanto, políticos de todos os quadrantes, alguns dos quais se interessam muito pelas “escutas telefónicas, “têm vindo a discutir a percentagem de sucesso escolar. Como é fácil aumentar essas percentagens por métodos ardilosos de facilitismo e como é difícil alterar as atitudes, os métodos de trabalho, ou seja, aquilo que é substancial, no processo educativo!

Numa época em que se discute o estatuto do aluno e as passagens com ou sem faltas, seria bom que, de uma vez por todas, o futuro dos alunos fosse visto à luz da sua potencial inserção no mercado de trabalho e que as mensagens educativas dos políticos, dos media, dos professores e dos pais fossem claras e simples em termos de rigor, disciplina e trabalho de forma a serem inequívocas e facilmente compreendidas pelos alunos. Ou será que vamos voltar ao século XVI em que é necessário ter estrangeiros, neste caso imigrantes, para assegurar a laboração?

Considero este desafio um verdadeiro desígnio nacional e não o simples aumento de uma estatística de sucesso escolar ou da população com o 12º ano! Perante este desígnio, penso que as escutas têm uma importância relativa!

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