Opinião
De Jardim Gonçalves a Jack Welch
Lembro-me de ter aprendido que a relação de Pai e Mãe fazem sentido para ajudar e suportar o crescimento dos filhos. Frequentemente, apoiar o crescimento dos filhos, implica dar espaço, o que nem sempre é fácil para os Pais. Comparo muitas vezes esta rela
Para um Pai, ou uma Mãe, é sempre complicado o momento da saída do filho para a Escola, para a primeira noite na Discoteca, as primeiras férias de Verão com os amigos, ou a ida para a Universidade noutra cidade. Este é um momento que se vive com ansiedade, insegurança, e por vezes com a tentação de interferir, retirando espaço e liberdade, que são sinónimos de crescimento e amadurecimento. Curioso. Esta agitação que a maioria dos Pais vivem, contrasta com a alegria e energia dos filhos.
Nas empresas a realidade não é diferente. Jack Welch deu-nos um excelente exemplo, ao cuidar da sua sucessão seleccionando uma pessoa, que segundo as palavras dele, teria de ser um exemplo de “alguém que se sentia bem dentro da sua própria pele”. Criou um enquadramento de desafio constante às pessoas na GE (General Electric), seleccionou e preparou a liderança que o substituiu. E quando saiu, libertou-se das suas inseguranças e ansiedades, não permitindo a si mesmo interferências que limitavam ou bloqueavam a expressão da “nova liderança”.
Sei que a organização do Millennium BCP é diferente. Sei que a grande parte do negócio não se assemelha ao da GE. Os Valores da organização são, igualmente, distantes. Mas, as questões de comportamento, essas de natureza transversal, são idênticas. O Eng. Jardim Gonçalves seleccionou a “nova liderança”. Preparou-a. Mas, pelos vistos não confia nela ao ponto de, tal como a figura do Pai tradicional, estar inseguro atrás da porta pronto para entrar em cena evitando uma asneira do filho, enquanto lhe retira espaço e, pior que isso, a personalização das situações, dado que nenhuma pessoa é igual à outra. Felizmente!
A palavra – Líder, tem uma relação muito íntima com o conceito que tenho de Pai. É alguém que foi e é capaz, de apoiar as pessoas, dar coragem, estimular, desafiar e responsabilizar. Isto não é definido com base em regras escritas, ou em supostos gabinetes de “fiscalização” da qualidade da Gestão de uma organização (baseado na opinião de meia dúzia de pessoas). Depende, sobretudo, do que não está escrito, daquilo que é intangível e que é avaliado pelo mercado dia após dia – clientes e accionistas. Infelizmente, os sinais da descida em bolsa das acções do BCP têm sido um reflexo claro que este valor intangível, é hoje, muito baixo.
O que distingue Jardim Gonçalves e Paulo Teixeira Pinto, fazendo fé na informação que vem a público, está mais relacionado com o controlo do Banco, onde os interesses para exercer o poder de influência falam mais alto, do que com a estratégia a seguir. Para quem relaciona a maturidade de uma pessoa, ou da liderança, com a sua experiência de vida, aqui fica um exemplo que este é um Mito que ainda engana muitas pessoas.
Jack Welch foi capaz!