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Como transformar o tédio em ouro

Veja-se como os promotores do «Manifesto», num momento de delírio, para além de falarem da arbitragem, pedem o incremento «das receitas provenientes das transmissões televisivas». a palavra de ordem não é poupar. É, depois de esgotados todos os pés de mei

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Enquanto o sr. Dias da Cunha e o sr. Luís Filipe Vieira querem regenerar o futebol e o sr. Valentim Loureiro quer criar um «estado de graça» para o seu regresso à presidência da Liga, esta aparentemente procura um patrocinador para a próxima temporada. Algo que se afigura difícil, depois de um campeonato tão emocionante quão mal jogado e onde a palavra «espectáculo» pareceu ter sido proibida. Mas parece que a Liga tem um trunfo escondido: um daqueles célebres estudos em que se demonstra que este ano os portugueses se deslocaram em romaria rumo aos estádios. Porque estavam com insónias, por certo.

Sobre o estado do futebol indígena o relatório anual da Deloitte é elucidativo: na temporada passada a taxa média de ocupação dos estádios andou pelos 40% e o Alverca até conseguiu o milagre de vender, também em média, 731 bilhetes por jogo. Uma imensa romaria, efectivamente. Se não fossem as receitas das transferências (especialmente as do FC Porto, após a boa campanha europeia), os prejuízos teriam sido na linha dos anos anteriores. Isto é: os clubes que asseguram visibilidade externa no futebol português estão bastante empenhados. Um dia a casa há-de vir abaixo e este ano, como não se afiguram vendas tão sonantes como no ano passado, é muito provável que FC Porto, Benfica e Sporting (o triângulo fulcral do futebol nacional) sintam na pele a sua incapacidade para se deixarem de loucuras. Até porque a sua capacidade de endividamento parece já ultrapassar todos os limites racionais. Veja-se como os promotores do «Manifesto», num momento de delírio, para além de falarem da arbitragem, pedem o incremento «das receitas provenientes das transmissões televisivas, com vista à obtenção de recursos financeiros adicionais».

Isto é: a palavra de ordem não é poupar. É, depois de esgotados todos os pés de meia, transformar o tédio em ouro. Merecem o Nobel da Química.

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