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‘Clusters’ ou inconsequência

A espuma dos conceitos é uma prática que está a fazer escola em Portugal. E os decisores políticos que a utilizam ganham notoriedade instantânea mas perdem a ferramenta mais importante para executarem as suas tarefas – a credibilidade.

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Há menos de uma semana, o presidente da API, num congresso da ADFER, veio dizer que o país precisava de um ‘cluster’ ferroviário. Não contente, Basílio Horta juntou-lhe ainda um ‘cluster’ aeronáutico e outro automóvel. Este Governo, por atacado, também já se referiu, entre outros, aos ‘clusters’ petroquímico, das eólicas, do turismo e mesmo das tecnologias de informação. Sem esquecer os incontornáveis ‘clusters’ de Michael Porter que constam do relatório de 1994, tais como a madeira, as malhas, o vinho, o calçado e os sempre eternos automóvel e turismo.

Ou seja, o país tem um ‘kit’ completo de ‘clusters’ de que os políticos se socorrem, nas mais diversas circunstâncias, para contentamento das plateias, que se extasiam com o pensamento estratégico das nossas elites governantes.

Se estivéssemos apenas perante um caso de imodéstia teórica, do mal ou menos, porque o seu impacto na realidade do país seria nulo. O problema é que estes protagonismos inconsequentes desfazem a importância dos debates e os eventuais sectores estratégicos nacionais pemanecem à deriva apesar de este, ou qualquer outro Governo, os elevar à categoria de ‘clusters’. A questão de fundo não é o nome que se dá às coisas, mas sim o que faz por elas. Intenções, vazias de conteúdo, como as anunciadas por Basílio Horta, são inúteis para as empresas e inconsequentes para o país.

E os ‘clusters’, assim manipulados, perdem todo o sentido.

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