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26 de Fevereiro de 2012 às 23:30

A torneira parlamentar

Enquanto o País recupera as marmitas utilizadas pelos nossos avós, o Parlamento fervilha de emoção como se vivesse na Disneylândia.

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Enquanto o País recupera as marmitas utilizadas pelos nossos avós, o Parlamento fervilha de emoção como se vivesse na Disneylândia. Compreende-se que os problemas que afligem os deputados sejam mais requintados e elegantes do que os que ocupam os dias dos cidadãos comuns, como o desemprego ou a saúde e os transportes cada vez mais caros. Assim, na falta de temas mais higiénicos, o Parlamento discute a água.

O Conselho de Administração da AR diz que a introdução de água da torneira nas reuniões parlamentares é 30 vezes mais cara do que a água engarrafada e os jarros custariam 18 meses desta. Alguns deputados acham que a água mineral deveria ser abolida como exemplo contra a produção desnecessária de resíduos, até porque em 2010 se gastaram 78 mil copos de plástico. Por muito menos já se fizeram revoluções. Mas, para haver água da torneira nas reuniões, teria de haver alguém que a fosse buscar à casa de banho o que aumentaria os custos de pessoal. O País não tem água e está a secar. O Parlamento discute se bebe água da torneira ou mineral. Este debate ideológico, numa altura em que o País respira tranquilidade e transborda de riqueza, é estimulante.

Ter ou não ter água da casa de banho é um dilema shakespeariano. Tal como ter ou não um emprego é um problema terreno que não afecta os parlamentares. O Parlamento parece uma prateleira de jarros. À espera de serem quebrados. A questão fulcral da água da torneira que já ocupou dezenas de horas de conversas e resmas de memorandos mostra a utilidade do Parlamento e destes partidos. Quando o Parlamento discute algo de importante devia ser puxado um guizo. Para acordar o País.

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