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A Roma do BCP

O BCP é o império romano do sector financeiro português. As suas fronteiras são tão vastas que a serenidade da governação deixou de ser possível. Não admira que, na sombra, surjam Nero ou Brutus que ninguém identifica para lá das máscaras com que surgem e

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Mas o BCP vive hoje na temível hora das grandes decisões de que Cícero tanto gostava e lhe permitiam alimentar filosóficas teorias da conspiração. O terrível dilema de um dos mais incontornáveis bancos nacionais não é o da sucessão: é, simplesmente, o do poder. O que se passa é um corte com a memória romana do BCP. Antes, o Senado decidia na discrição típica dos grandes banqueiros. A luta a que se assiste é a que traz as guardas pretorianas para o centro do poder civil. Em público mostram-se as adagas. Em Roma houve uma excepção que confirmou a regra: o ditador Sila. Impiedoso com os que se lhe opunham, acabou pacificamente a caçar, a pescar e a beber vendo peças de teatro. Divertia-se então a ver, no palco da representação, a diferença entre a verdade e a mentira. A luta entre a nova e a velha geração dentro do BCP é o adeus ao combate de tribunos. Mas quem ganhar ficará manchado. Essa é a terrível memória deste contar de adagas em que se tornou a luta pelo poder. Onde aquele que era o centro decisório se desintegrou, mostrando fissuras que ultrapassam as fronteiras do banco. A sociedade portuguesa está a mudar. O que se passa no BCP é, apenas, a ponta de um outro iceberg. Ainda mais enigmático.
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