Opinião
A mais simples decisão de Sampaio
A decisão que Jorge Sampaio tem de tomar é muito simples. É, sem dúvida, das mais simples dos seus oito anos de função presidencial. Vejamos porquê.
A decisão que Jorge Sampaio tem de tomar é muito simples. É, sem dúvida, das mais simples dos seus oito anos de função presidencial. Vejamos porquê.
Se Jorge Sampaio decidir convocar eleições antecipadas, Santana Lopes e Ferro Rodrigues disputarão o cargo de primeiro-ministro. Um deles, com ou sem coligações pós-eleitorais, formará governo para quatro anos. Se Jorge Sampaio decidir convidar o PSD a formar novo governo, Santana Lopes será primeiro-ministro por 20 meses e depois terá de ir a eleições.
Assim sendo: ou Ferro Rodrigues fica quatro anos; ou Santana Lopes fica 20 meses; ou Santana Lopes fica quatro anos.
Ora se alguma coisa ficou clara, ao longo destes dez dias de ponderação nacional sobre a substituição de Durão Barroso na chefia do governo, é que a personalidade e historial de Santana Lopes levantam muitas dúvidas a gente muito respeitável. Por essa razão, mais vale experimentar Santana Lopes por 20 meses do que por quatro anos.
Também ficou esclarecido que os partidos da esquerda querem eleições antecipadas mas não conseguiram fornecer um argumento convincente a favor da sua tese. Além de que,muita gente muito respeitável já disse, noutras ocasiões, que duvidava da capacidade de Ferro Rodrigues para exercer o cargo de primeiro-ministro e da capacidade do PS para regressar ao poder. Por essa razão mais vale dar ao PS 20 meses para se preparar do que apenas três meses.
Assim sendo, o tempo encarregou-se de facilitar a decisão de Sampaio.
Santana Lopes será o próximo primeiro-ministro mas consciente que está debaixo de apertada vigilância do Presidente. Santana Lopes será primeiro-ministro mas sob observação das mais credíveis personalidades. E Santana Lopes será primeiro-ministro e durante 20 meses a comunicação social irá concentrar nele todo o seu poder de fogo.
Se superar esta prova, então Santana Lopes ganhará direito a ser legitimado pelo voto. Daqui a 20 meses.