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Opinião
05 de Julho de 2012 às 11:39

A crise em pessoa

A actual crise está a ser mais dura por cada um ter por vezes dificuldades em contar com alguém ao seu lado.

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A crise não é algo abstracto, mas concreto. Ela nota-se, vê-se, ouve-se e respira-se no ambiente e nas circunstâncias do dia a dia. O desemprego por exemplo, afecta de modo imediato o próprio sujeito e cada um dos que estão à sua volta.

A crise é geral mas sofre-se pessoalmente. O seu impacto tem traços que são íntimos a cada indivíduo. A mesma situação será enfrentada de diversos modos conforme a pessoa em causa. Não há segredos mágicos de auto-ajuda. No entanto, alguns factores podem ser decisivos para se conseguir aguentar e sair até mais forte de uma crise.

Os momentos dramáticos podem fazer vir ao de cima o que há de melhor em cada um.
O mais importante é comunicar e falar, em especial com a família e também com os amigos. A atua crise está a ser mais dura precisamente por cada um ter por vezes dificuldades em contar com alguém ao seu lado. Mas mesma nesses casos, a crise pode ser "a" oportunidade para aprofundar e fortalecer laços que ajudem o próprio indivíduo a conhecer-se melhor, a dar-se conta de que não está só, que pode sempre superar-se e até surpreender-se a si próprio e aos outros com gestos que não pensava ser capaz de realizar.

O essencial é que olhe para além de si mesmo, que não se feche, mas escancare as portas e repare no que ainda pode fazer. Poderá ser a sua "finest hour", amadurecendo e não respondendo ao mal com o mal. Os momentos dramáticos podem fazer vir ao de cima o que há de melhor em cada um, não repetindo velhos erros mas concretizando soluções práticas com pequenos passos no âmbito da sua actuação.

Nos filmes em análise, a crise atinge os protagonistas. Ao falarem e trocarem ideias, conseguem construir o seu futuro.




"Este é o meu lugar"






Realizador: Paolo Sorrentino
Actores: Sean Penn; Frances McDormand
Duração: 118 min.
Ano: 2011





Um antigo cantor de rock, retirado dos palcos há mais de 20 anos, vive sozinho com a sua mulher numa rica mansão. Vive dos êxitos passados, mas nada faz para alterar o seu estado de espirito e estranho estilo de vida. Comporta-se como uma criança que não quer aceitar a evolução dos acontecimentos. Uma família amiga pede a sua ajuda e desafiam-no a mudar. Ele não reage.

Entretanto, morre o seu pai a quem não via há anos. Fora prisioneiro num campo de concentração nazi e tentara ao longo da vida castigar os seus agressores. O filho resolve então cumprir esse desejo paterno.

Inicia as buscas, fala com pessoas que lhe dessem pistas sobre o paradeiro do velho criminoso, mas acima de tudo, essa viagem vai ajudá-lo a conhecer-se melhor. Enfrenta as dificuldades com uma sinceridade desarmante e acaba mesmo por encontrar o paradeiro do velho alemão.

Ao comprar uma arma, o dono da loja incentiva-o a que se vingue e deixe soltar o "monstro" que cada um possui dentro de si na conversa final, o protagonista vai vingar-se, mas de um modo invulgar, sem repetir os actos do agressor.

Já aprendera que existem outras soluções, que começam no interior de cada um e se projectam em gestos concretos. Crescera! Cuida do seu aspecto e lança-se à acção sem continuar a viver no passado e a lamentar-se pelo que a vida poderia ter sido.



Tópicos de análise



Amadurecer implica querer lutar por um objectivo superior ao interesse pessoal.
Estar disposto a aceitar os conselhos de alguém abre novas perspectivas de acção.
A crise piora quando a pessoa se acomoda e perde a vontade de mudar.









"As neves de Kilimanjaro"






Realizador: Robert Guédiguian
Actores: J-P Darroussin; Ariane Ascaride
Duração: 107 min.
Ano: 2011






Um grupo de trabalhadores portuários é despedido da empresa. Entre eles, encontra-se um dos responsáveis sindicalistas. Tiraram à sorte quem seria despedido, mas talvez pudesse ter havido outras formas mais justas de decidir. Um dos trabalhadores irá mesmo mais tarde questionar se o sindicato defende em primeiro lugar os interesses dos operários ou pelo contrário, os seus próprios interesses.

O responsável sindicalista ao ver-se despedido explica logo tudo à esposa. Em conjunto enfrentam a questão e festejam os 25 anos de casados com toda a família e os ex-colegas de trabalho. São presenteados com uma viagem à Tanzânia e algum dinheiro. No entanto, uma noite são brutalmente assaltados, vindo a descobrir que um dos criminosos era um jovem antigo colega de trabalho despedido na mesma ocasião. Tinha irmãos pequenos e precisava de dinheiro, para sustentar a sua desestruturada família.

O contraste entre as atitudes dos dois despedidos é flagrante, ao contarem ou não com o suporte familiar. De qualquer modo, o agredido e a esposa querem ajudar o agressor. Tentam então resolver a situação dos irmãos abandonados e acolhem-nos na sua própria casa. Não são bem compreendidos por todos. Ponderam o que fazer, mas insistem em agir bem. No final, acabam por juntar outros a essa iniciativa unindo assim o grupo.



Tópicos de análise



O contacto pessoal e directo reforça a descoberta de respostas concretas.
A família e os amigos são essenciais para ultrapassar uma crise.
Empreender soluções positivas atrai os outros a seguir o mesmo rumo.








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