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18 de Maio de 2012 às 12:17

A esquina do Rio

Segundo o estudo "One Television Year 2011" da EurodataTV / Mediaediametrie, o consumo de TV na Europa, em 2011, foi de 3h48 minutos por dia, mais 1 minuto do que em 2010.

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Hábitos
Segundo o estudo "One Television Year 2011" da EurodataTV / Mediaediametrie, o consumo de TV na Europa, em 2011, foi de 3h48 minutos por dia, mais 1 minuto do que em 2010. Em Portugal, segundo os dados da Marktest Audimetria, o consumo, em 2011, foi de 3h39 minutos. Analisando os dados produzidos pela CAEM/GFK, entre 1 de Março deste ano e até dia 9 de Maio, o tempo médio visto por pessoa é de 4h29 minutos por dia, 26,3% acima da média europeia e quase uma hora a mais do que os dados anteriores de Portugal.
Observando os valores de consumo por pessoa dos 40 países europeus reportados pelo EurodataTV de 2011, Portugal situou-se a meio da tabela, em 23.º lugar. Se compararmos com os valores oficiais da CAEM de 2012, Portugal seria o 4.º, apenas ultrapassado pela Sérvia com 5h08, a Macedónia 4h48, e a Hungria com 4h46, e com o mesmo consumo que o Azerbaijão.
Este extraordinário consumo tem uma explicação fácil: segundo os dados da CAEM/GFK, no dia 7 de Maio, quase 2 milhões de portugueses viram cerca de 8 horas ou mais de TV. Desses, 34 % são activos e 70% têm menos de 65 anos. Foram 1 392 000 indivíduos com menos de 65 anos a ver 8 ou mais horas de TV. Dia 7 de Maio, foi a segunda-feira com maior consumo de TV desde o início da medição da CAEM. Houve mais portugueses a ver TV e durante mais tempo que em qualquer dia útil não feriado, incluindo dia 30, véspera de feriado. Cada espectador viu, em média, 5h30 de TV, mais do que qualquer dos dias úteis (não feriados), incluindo os de férias escolares, desde 1 de Março. Mais cómico ainda é este dado: (entre 11 e 15 de Maio) observou-se que 8500 espectadores viram 114 horas de televisão (ou seja mais de 22 horas por dia), e 236 600 viram mais de metade do período, isto é, mais de 60 horas (ou seja, mais do que 12 horas por dia). E todos os dias se tem continuado a repetir esta novela…


Roteiro
A edição europeia da "Time" de 21 de Maio, com François Hollande na capa, sugere um programa para quem tenha apenas quatro horas para passar em Lisboa. Vou fazer um resumo, já que achei divertido o roteiro. Na primeira hora, passar pelo Solar do Vinho do Porto, tomar uma bica na Brasileira do Chiado e apanhar o eléctrico 28 (evitando os carteiristas, digo eu) até ao Largo das Portas do Sol e apreciar a vista do miradouro. Na segunda hora, entrar numa pastelaria e provar um pastel de nata ou uma queijada; se for terça ou sábado, passar pela Feira da Ladra e ir comer bacalhau ou polvo ao Zé da Mouraria (na Rua João do Outeiro), acompanhado por vinho verde (que eles dizem que se bebe como água…). Na terceira hora, já comido e bebido, e depois de comer uma sobremesa e um galão no Pois café (Rua São João da Praça em Alfama), passar pelo Museu do Fado e, a seguir, apanhar um táxi para o Museu do Oriente - classificado como quase tão bom como uma viagem a sério a Goa ou Macau. Na quarta hora, ir à LX Factory, entrar na Ler Devagar, avançar até aos Jerónimos e, tendo energia, apanhar o "ferry boat" para o outro lado do rio, rumo a Cacilhas e ir ao Ponto Final beber um tinto e petiscar pão com queijo. O mais curioso de tudo isto é que aposto que há muitos lisboetas que ainda não conhecem todos os pontos deste roteiro que a "Time" deu a conhecer por toda essa Europa.


Xadrez
As presidenciais norte-americanas estão a transformar-se numa impressionante partida de xadrez. Logo que Obama declarou aprovar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, o conservador Romney anunciou que admitia a adopção por casais do mesmo sexo sem, no entanto, aprovar o seu casamento. Traduzido por miúdos, o resultado podia ser este: Obama move para ligação e Romney responde com adopção. Dois dias depois, a edição norte-americana da "Newsweek" (na Europa, a capa é diferente) titulava "The first gay president" debaixo de uma foto de Obama com um halo arco-íris à volta da cabeça. E a revista " The New Yorker" dava a sua capa a uma imagem da Casa Branca com as colunas da frontaria pintadas com as cores do arco-íris que é o símbolo "gay". Esta dinâmica dos políticos e dos media norte-americanos é, de facto, impressionante. Com uma declaração, Obama fez o seu adversário vir a terreno e conseguiu duas "cover opportunities", deslocando o debate da crise para os chamados temas fracturantes da sociedade. Muito engraçado de observar este trabalho de comunicação utilizando capas de revistas.


Ouvir
O novo disco do canadiano Rufus Wainright está a causar alguma polémica. Fãs do cantor queixam-se de terem sido atraiçoados e há mesmo quem diga que este é o seu pior disco. Será verdade ou há pessoas para quem a diferença é difícil de suportar? Eu inclino-me mais para a segunda hipótese. As mudanças de estilo em música são como as mudanças de paradigma na política: produzem reacções estranhas. Rufus, neste disco, mudou. Deixou de lado alguma faceta demasiado elaborada - e às vezes um pouco gongórica - dos arranjos muito orquestrais, e simplificou. Arrisco-me a dizer que este é o mais pop de todos os seus discos, com inspiração procurada na música soul e nos "rhythm'n'blues" - às vezes até com toques de gospel. Aqui está um trabalho onde a simplicidade marca a diferença. E eu gosto do resultado em canções como "Sometimes You Need", "Barbara", "Candles", "Jericho" ou "Rashida", do som dos metais, do baixo acentuado, do piano insistente com que o disco termina numa emotiva balada. (CD Decca Universal, inclui DVD com entrevistas, bastidores da gravação e uma versão do tema "Rashida").


Semanada
António José Seguro declarou-se disposto a encabeçar uma manifestação contra Passos Coelho; foram feitas queixas ao Ministério Público para apurar a responsabilidade de inscrições fraudulentas no PS com o objectivo de manipular as eleições internas das distritais; começou o julgamento do vice-presidente da bancada parlamentar do PS, Ricardo Rodrigues que, em 2010, retirou os gravadores de som a jornalistas da revista "Sábado" que o entrevistavam; Portugal caiu quatro posições no Índice de Assistência Médica Europeu; estamos na sexta quebra trimestral seguida do PIB; os impostos foram responsáveis por mais de metade da subida dos preços no último ano; a taxa de desemprego real em Portugal atingiu 20% no primeiro trimestre; estão a diminuir as esmolas nas igrejas portuguesas.


Ver
Hoje escolhi o "site" de uma galeria de fotografia, de Nova Iorque, dedicada à música e ao espectáculo. Chama-se morrisonhotelgallery.com e o destaque vai para uma belíssima exposição dedicada à carreira dos Rolling Stones, que está na galeria e que pode também ser vista "online". No "site" há uma área de exposições apenas existentes em ambiente virtual, e a que está activa neste momento mostra o trabalho de Terry O'Neal que, durante 30 anos, fotografou nomes como Frank Sinatra, Dean Martin e muitos outros. Também em destaque uma viagem fotográfica com imagens raras dos primeiros tempos dos Beatles, ainda antes de terem ganho fama e notoriedade. No "site" pode fazer-se uma pesquisa de fotografias pelos nomes das bandas ou dos fotógrafos.


Folhear
A capa da "Wired" norte-americana de Maio é dedicada a Marc Andreessen, com o título "The MAN Who Makes The Future".
O nome pode dizer pouco a alguns e é certamente menos popular do que o de Bill Gates, Steve Jobs ou Marc Zuckerberg. No entanto, Andreessen é considerado pela "Wired", como o homem que, nas últimas duas décadas, mais fez para mudar a forma como comunicamos. Aos 22 anos ele foi o inventor do Mosaic, o primeiro "browser" gráfico da internet que permitiu tornar mais fácil e popular a navegação na internet. Depois fundou o Netscape e, mantendo o seu espírito visionário, foi pioneiro na "nuvem", criando o Loudcloud. Mais recentemente, como investidor, esteve ligado ao lançamento de empresas como o Twitter, o Skype, Instagram ou Groupon. A sua história é fantástica, e a entrevista da "Wired" é fascinante - na verdade, trata-se da primeira da série que a revista vai fazer para assinalar o seu 20.º aniversário sobre as grandes figuras que ajudaram a fazer este novo mundo. 20 anos de Wired - nem queria acreditar quando percebi como o tempo passou - ainda me lembro de ver as edições dos primeiros anos.



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