Opinião
Há lado positivo nos acontecimentos adversos?
Podemos usar estes acontecimentos para nos interpelar sobre o que damos por garantido e para o que no exercício da nossa responsabilidade profissional e pessoal podemos planear para as contingências.
Em dias muito recentes assistimos a acontecimentos insólitos para o tempo e a geografia em que vivemos. A catedral de Notre-Dame incendiou-se e ardeu, ficando muito destruída. Assistimos incrédulos a um fogo devastador, num importante edifício cultural, numa das principais capitais europeias. A consternação foi generalizada. Questiono-me sobre o que falhou. A prevenção? Mas se o monumento era de reconhecido valor, não foram tomadas todas as medidas de prevenção? Não foram identificados todos os potenciais riscos? Houve negligência?
No dia seguinte, no nosso país, uma greve de motoristas profissionais provoca uma paragem no abastecimento dos postos de venda de combustíveis que despoleta uma corrida aos mesmos, resultando numa efetiva rutura. Começamos a antever como o país pode parar. Vemos a acontecer o que aprendemos nas aulas de economia. Já nem nos lembrávamos de que isso fosse possível. Mas o que está a acontecer? O que estamos a dar por garantido, mas afinal pode não estar?
Estes dois acontecimentos remeteram-me para uma reflexão sobre a análise cuidada dos riscos nas empresas. Têm, as empresas, explicitado quais os seus recursos mais valiosos, seja pelo seu valor intrínseco, seja pela elevada dependência da operação desses mesmos recursos? E se essa valoração está identificada, está igualmente claro como se protegem das adversidades (roubo, fogo, inundação, ou outra), ou como se retém? Ou como se substituem se falharem?
A comunicação social, traz também ao nosso conhecimento catástrofes naturais, sentidas mais ou menos longinquamente, que nos consternam. Mas essas parecem-nos sempre incontroláveis. Mas os acontecimentos que mencionei, mostram-nos que o improvável é afinal muito provável.
Quantas empresas fazem uma análise periódica dos riscos a que estão expostas? Quantas empresas têm o combustível como um recurso importante da sua atividade e tem um plano de contingência para o caso de acontecer um cenário como o que experimentámos nos últimos dias? Podem manter a operação? Que outros recursos fariam parar a operação se falhassem? E o que fazer se tal acontecesse? E que oportunidades surgem à empresa perante certos contextos de crise? Podemos usar estes acontecimentos para nos interpelar sobre o que damos por garantido e para o que no exercício da nossa responsabilidade profissional e pessoal podemos planear para as contingências. O que podemos retirar de positivo nestes acontecimentos?
Estes dias de pausa são bons para estas reflexões. E espero que provoquem mudança positiva nas agendas das empresas. Um bom tempo de Páscoa!
Católica Porto Business School