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José Esteves - Dean da Porto Business School 07 de Novembro de 2023 às 20:24

Qual é o futuro do e-commerce em Portugal?

O comércio eletrónico continua a transformar o panorama económico global, abrindo novas possibilidades de crescimento e inovação. Para Portugal, o crescimento do comércio eletrónico oferece a oportunidade de impulsionar a economia e promover a presença internacional das empresas nacionais.

Em breve teremos outra Black Friday, um fenómeno importado dos Estados Unidos e que tem tido um tremendo sucesso em múltiplas partes do globo. No entanto, existe um outro fenómeno de e-commerce chamado o “Dia dos Solteiros,” que se celebra a 11 de novembro, na China, e que supera o Black Friday.

Criado em 1993 por um grupo de estudantes, tornou-se comercialmente relevante em 2009, quando o Aligroup viu uma oportunidade de faturar com promoções que alcançavam os 90% de desconto. Posteriormente, o Alibaba e outras grandes empresas chinesas uniram-se ao fenómeno. Para termos uma noção do alcance do Dia dos Solteiros, em 2022, o Grupo Alibaba registou US$ 84.5 bilhões em vendas durante as 24 horas de promoção.

Em Portugal, a Black Friday já é bastante popular e, recentemente, as principais plataformas de comércio eletrónico, em Portugal, começaram também a celebrar o Dia dos Solteiros. Nestes dias, as grandes plataformas de e-commerce, como o olx.pt, worten.pt, amazon.es e Aliexpress têm visto crescimentos na ordem dos dois dígitos nas vendas nestes dias.

As compras online emergiram como um dos principais impulsionadores da economia global e da economia portuguesa, em particular. Segundo o estudo “E-Commerce & Last Mile 2023” da Deloitte, realizado em parceria com a APLOG (Associação Portuguesa de Logística), estima-se que o mercado de e-commerce português valorize para 7,13 mil milhões de euros até ao final de 2023 e que atinja os 9,3 mil milhões de euros até 2025.

O mesmo estudo mostra que, apesar de a maioria das empresas em Portugal (62%) ter presença online, seja através do website ou das redes sociais, contudo apenas uma minoria (16%) dispõe de um canal de vendas online. Em resumo, embora o e-commerce tenha um futuro promissor em Portugal, existem desafios que requerem uma abordagem cuidadosa e estratégica.

O primeiro desafio reside na necessidade evidente de uma estratégia de e-commerce, particularmente para as pequenas e médias empresas. Além disso, associado a esta estratégia, que abrange aspetos como infraestrutura tecnológica, é imprescindível o desenvolvimento de estratégias de marketing online, logística, experiência do cliente, pagamentos, devoluções, entre outros.

O segundo desafio está relacionado com a cibersegurança e proteção de dados, emergindo como preocupações fundamentais e exigindo proteção das informações pessoais dos consumidores contra ameaças cibernéticas. Além disso, a competição global exige que as empresas portuguesas aprimorem as suas infraestruturas tecnológicas e logísticas, para que sejam capazes de manter a sua competitividade num mercado digital cada vez mais saturado.

Juntamente com a infraestrutura, é crucial analisar a velocidade dos websites de e-commerce, um fator crucial na utilização de portais de compras online, mas que, geralmente, em Portugal, se apresenta aquém do recomendado, afetando a experiência de navegação do consumidor.

Por fim, muitos utilizadores valorizam a simplicidade da experiência de compra, tornando a opção de compra um atrativo para o consumidor e diminuindo a probabilidade de abandono do processo de compra no carrinho. No entanto, apenas 65% das empresas analisadas permitem que os utilizadores concluam a compra sem necessidade de efetuar registo ou login. Esta imposição, frequentemente oriunda das áreas de marketing para a aquisição de dados dos clientes, prejudica muitas vezes, as vendas, na medida em que muitos utilizadores desistem da compra.

Em resumo, o comércio eletrónico continua a transformar o panorama económico global, abrindo novas possibilidades de crescimento e inovação. Para Portugal, o crescimento do comércio eletrónico oferece a oportunidade de impulsionar a economia e promover a presença internacional das empresas nacionais. No entanto, é imperativo abordar os desafios subjacentes e criar um ambiente regulatório propício ao desenvolvimento sustentável do comércio eletrónico, garantindo, ao mesmo tempo, a proteção dos interesses dos consumidores e das empresas portuguesas. É evidente a necessidade de maior capacitação e suporte estratégico na área de e-commerce para muitas empresas portuguesas. A colaboração entre o setor privado e o Governo é essencial para este desenvolvimento.

 

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