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A fronteira do BCP

Já lá vão muitos meses desde a última análise que fiz ao BCP. Além disso, tenho evitado responder a tópicos no Caldeiraodebolsa.com sobre o banco ou às constantes perguntas que me chegam, através do e-mail, sobre o BCP.

Já lá vão muitos meses desde a última análise que fiz ao BCP. Além disso, tenho evitado responder a tópicos no Caldeiraodebolsa.com sobre o banco ou às constantes perguntas que me chegam, através do e-mail, sobre o BCP. Esta ausência das minhas palavras sobre o BCP deve-se, exclusivamente, ao facto de não ter tido uma opinião formada sobre a acção. E, quando não tenho opinião, prefiro ficar calado. Ou de mãos amarradas, como preferirem.


No entanto, a situação técnica do BCP parece-me agora bem mais clara e o título aproxima-se de uma zona que considero como a fronteira entre o "Bear" e o "Bull Market", pelo que é possível fazer uma análise técnica referindo as zonas que deveremos monitorizar.


Os últimos meses têm sido positivos para as contas do Banco, sobretudo devido à evolução da dívida pública portuguesa. A enorme exposição que o BCP (à semelhança dos grandes Bancos portugueses) tem à dívida da República portuguesa fez com que o Banco registasse avultados ganhos em 2012 com a descida das "yields" das obrigações do tesouro portuguesas no mercado secundário. Para os menos conhecedores desta matéria, quando se fala em descida das "yields", isso acontece pela subida do valor dessas mesmas obrigações. Isto gerou ganhos muito grandes para o BCP, algo muito importante no actual contexto de crise económica.


Mas, apesar destas boas notícias dos últimos meses, mantenho-me muito céptico sobre a capacidade do BCP em pagar ao Estado, nos próximos 4 anos, os 3 mil milhões de euros resultantes dos "Coco's". Para que tal aconteça, continuo a achar que - muito mais importante do que as estratégias do Banco - é imprescindível que a economia Portuguesa entre num ciclo de crescimento pois, caso contrário, não consigo vislumbrar hipótese do BCP fugir a essa espada que lhe paira sobre a cabeça, a menos que consiga uma renegociação com o Estado que permita um alargamento do prazo para reembolso desses "Coco's". Parece um cenário fantasioso (Vítor Gaspar rejeita-o liminarmente), mas na hora da verdade isso pode acontecer, até porque o Estado não quererá ficar com mais um banco.


Vejo alguns investidores descontentes com a possibilidade do BCP vender o banco que possui na Grécia pois defendem que a operação irá ocorrer no pior momento. Percebo a perspectiva, mas a verdade é que, para poder fugir à perspectiva da nacionalização, o BCP precisa de realizar encaixes financeiros e vai ter de perder alguns dos seus anéis. E que luxo é chamar anel a um banco grego…


Tecnicamente, o BCP está muito próximo dos 0,12 euros que é, na minha opinião, a grande fronteira entre o "Bear" e o "Bull Market". Se a acção quebrar, consistentemente, esta zona dará um sinal de força fantástico e abrirá espaço para futuras subidas já que a velocidade da queda foi tão grande que a acção não criou resistências. A tendência de curto e médio prazo é, desde há alguns meses para cá, inequivocamente ascendente mas falta o último passo. O passo de longo prazo que, caso seja dado, colocará os touros no comando em todos os horizontes temporais.
Alguns dirão que já há vários meses que o BCP está em "Bull Market", pois já subiu mais de 100% desde os mínimos. Mas, apesar da violência das subidas, quando isso acontece num período curto podemos estar perante apenas um ressalto violento, algo que já sucedeu no passado. Por isso, centro toda a minha atenção na zona dos 0,12 euros.


Depois de, ao longo do último ano, ter deixado aqui análises onde identificava o início do "Bull Market" em várias acções portuguesas, o BCP está perto de produzir esse sinal. E mesmo que alguns pensem que eu fico contente com as quedas da acção, pelo facto de ter estado durante tantos anos pessimista em relação à acção, podem crer que se o BCP der esse sinal de força, vestir o fato de touro no BCP é das coisas que mais me dará prazer, depois de tantos anos com aquele feio fato de urso vestido.


Por isso, faço figas (sempre sonhei um dia poder usar esta expressão num artigo) para que o BCP quebre consistentemente a resistência dos 0,12 euros. Não apenas porque isso serão boas notícias para os accionistas do BCP mas também porque, caso isso venha a acontecer, será um grande sinal dado também pela economia portuguesa. Sim, porque em boa verdade continuo a defender que a evolução das cotações do BCP vai continuar a depender mais de Vítor Gaspar do que de Nuno Amado. 

 

 

 

 

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Analista Dif Brokers
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