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18 de Setembro de 2017 às 19:25

Um orçamento gnu

António Costa foi bastante realista e ortodoxo quando referiu o objetivo do Governo em baixar a dívida, aquele que deveria ser um desígnio nacional por todos apoiado. Teremos assim um orçamento boi-realista ou cavalo-eufórico?

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Nota: Este artigo está acessível, nas primeiras horas, apenas para assinantes do Negócios Primeiro.

 

A FRASE...

 

"A dívida pública portuguesa é a quarta maior do mundo." – Mário Centeno – RTP - 17 de setembro 2017

 

A ANÁLISE...

 

Neste próximo Orçamento do Estado ficaremos a conhecer e a admirar mais um número de ginástica política do atual primeiro-ministro, encurralado entre o realismo económico sem repetir os erros do passado e os partidos mais à esquerda que querem já distribuir o atual momento de euforia em volta do défice mais baixo da democracia, o maior crescimento do século, ou do milénio, e a revisão em alta do "rating" da República.

 

Percebem-se e louvam-se os esforços do Governo em "deitar água na fervura" insistindo no rigor orçamental, austeridade em novilíngua, e na dimensão do peso da dívida. António Costa foi bastante realista e ortodoxo quando referiu o objetivo do Governo em baixar a dívida, aquele que deveria ser um desígnio nacional por todos apoiado. Teremos assim um orçamento boi-realista ou cavalo-eufórico? Provavelmente sairá um gnu, ou boi-cavalo, que consiga manter a austeridade, ao mesmo tempo que irá distribuir o necessário para se aguentar. É uma pena que o Governo se limite a ocupar o poder, num equilíbrio instável, em vez de o exercer, num momento excelente para preparar a próxima crise que mais tarde ou mais cedo virá bater à Europa e à economia mundial.

 

Nós estamos a sair do alinhamento dourado de petróleo, euro e taxas de juro baixas. O euro já subiu 10% desde o início do ano e preveem-se mais subidas, o petróleo teima em não baixar dos 50 dólares/bbl e as taxas de juro irão provavelmente subir com o arranque da economia europeia, a acreditar nas subidas das "yields" das obrigações alemãs.

 

A subida do euro face ao dólar tem prejudicado as exportações portuguesas enquanto a baixa do "rating" é uma boa notícia para um Estado que gasta 8 mil milhões por ano em juros, mas apenas diminui o risco, a diferença para as obrigações alemãs. Se estas subirem, nós iremos atrás.

 

Seria a altura de termos um Governo forte que nos preparasse para um futuro mais complicado, atraísse mais investimento, com políticas previsíveis, e não este constante malabarismo a jogar à defesa contra uns apoiantes governamentais que parecem estar a gostar do aroma do poder…

 

Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

 

Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências directas e indirectas das políticas para todos os sectores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.

maovisivel@gmail.com

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