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13 de Dezembro de 2019 às 10:32

A grande ilusão

António Costa começou esta semana a usar a fantasia de Pai Natal. Colocou as barbas brancas e a fatiota vermelha a meio da discussão do Orçamento do Estado.

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Quando falamos, só repetimos o que já sabemos, mas se ouvirmos pode ser que aprendamos algo de novo.
Dalai Lama

A grande ilusão
António Costa começou esta semana a usar a fantasia de Pai Natal. Colocou as barbas brancas e a fatiota vermelha a meio da discussão do Orçamento do Estado. Prometeu mais dinheiro em alguns sectores, nomeadamente na saúde, e pôs Centeno em lume brando, a fazer o papel de peru natalício no forno. Desde o IVA da electricidade ao financiamento da saúde, passando por aumentos da função pública ou a contratação de mil jovens licenciados para serviços do Estado, apareceu um pouco de tudo nesta semana.

Com um Orçamento do Estado que promete um excedente orçamental e com estes aumentos de despesa é certo que o dinheiro há-de vir de algum lado - e as últimas semanas foram também abundantes as referências a novas taxas. A única certeza que tenho é a de que, no fim do dia, a carga fiscal, directa ou indirecta, vai aumentar. O Estado, como a situação na saúde demonstra, não sabe poupar, sabe cortar e destruir. E depois, quando já está tudo a arder, despeja dinheiro que vai buscar aos bolsos dos contribuintes. Certamente se recordam que, a poucos dias das eleições, António Costa garantia não haver problema algum na saúde. Esta semana revelou os números de parte do problema, um problema criado pela austeridade encapotada que marcou a sua primeira legislatura. Agora vem com estas promessas, que profissionais do sector dizem serem ainda insuficientes. Diminuir o peso do Estado é estabelecer prioridades - em sectores como a saúde, a educação, a justiça e a segurança - e fazer reformas que permitam que estas áreas funcionem. Vir, nesta altura, falar de criar mais Estado numa regionalização encapotada é a prova de que tudo isto é um engano. A António Costa não interessa fazer reformas estruturais, o que ele sabe fazer é criar ilusões.

Semanada

As emissões poluentes provenientes de navios nos portos portugueses superam as dos carros nas oito maiores cidades portuguesas o custo das iluminações de Natal em todo o país ultrapassa os sete milhões de euros, mais dois milhões que no ano passado – só em Lisboa são 800 mil euros o uso de dados móveis em "roaming" na União Europeia (UE) duplicou no primeiro semestre de 2019 face a 2017, ano em que as taxas de utilização dentro do bloco europeu foram abolidas os preços das comunicações em Portugal são 20% mais elevados do que a média da União Europeia, e os da internet são 31% mais caros há dois anos, a ADSE demorava, em média, um mês e uma semana a pagar aos beneficiários, mas desde então o prazo aumentou quase dois meses em Outubro, os bancos emprestaram mais de 30 milhões de euros por dia em crédito à habitação em Albufeira, há 7.361 alojamentos locais até Setembro, o Estado gastou quase 300 milhões de euros em horas extras nos hospitais do SNS segundo a Marktest, as redes sociais tiveram um crescimento rápido em Portugal, passando de 17,1% de utilizadores em 2008 para 63,6% em 2019, com a maior parte dos acessos feitos por telemóvel entre os utilizadores portugueses, o Facebook ainda domina, mas perde influência, com o Instagram a posicionar-se como rede em ascensão e muito relevante, sobretudo entre os mais jovens entre Janeiro e Setembro, os crimes com facas aumentaram 10,4% nos últimos dois anos, abriram quase 300 supermercados em Portugal. 

Dixit
Há comandantes que não têm quem comandar.
Helena Carreiras
Directora do Instituto de Defesa Nacional

Artes urbanas
Pedro Casqueiro faz parte de uma geração de artistas plásticos portugueses que começou a expor nos anos 1980 do século passado e que, desde então, vem trabalhando a pintura de forma cada vez mais depurada. Desde a semana passada, e até final de janeiro, mostra uma dezena de trabalhos inéditos na exposição "Pinturas Rupestres", na Galeria Miguel Nabinho (Rua Tenente Ferreira Durão 18-B). Outros destaques: até sábado, 14, pode visitar "Nas barbas do Pai Natal", uma exposição de cerâmica, escultura, pintura e joalharia, que mostra linguagens diferentes com pontos comuns, obras de Beatriz Horta Correia, Graça Pereira Coutinho, Laura Ayerza de Castilho e Susana Piteira, na loja Manuel Castilho Antiguidades, Rua D. Pedro V 85. Em mais uma exposição que procura cruzar a obra de Júlio Pomar com a de outros artistas, o Atelier-Museu (rua do Vale, 7) exibe a mostra "Antes do Início e Depois do Fim: Júlio Pomar e Hugo Canoilas", com trabalhos de Hugo Canoilas e curadoria de Sara Antónia Matos. Na Biblioteca Nacional, pode ver "Volta Ao Mundo", uma exposição sobre a obra gráfica de José de Guimarães, numa selecção representativa da sua gravura produzida desde os anos 1960 até final de 2018. Finalmente, até 11 de Janeiro, "O Narcisismo das Pequenas Diferenças", da fotógrafa Pauliana Valente Pimentel, põe jovens de várias classes sociais da ilha de São Miguel nas paredes do Arquivo Municipal de Lisboa.

Arco da velha
Dois meses depois das eleições, o Livre decidiu fazer um manual de conduta para a sua deputada, com nove regras, para ela saber comportar-se politicamente.

Previsões
Desde há uns anos, a revista Monocle edita nesta altura uma publicação extra a que dá o nome de "Forecast" e que se dedica a fazer previsões e sugestões para o ano que se segue. É, normalmente uma edição particularmente rica em ideias e conteúdos, e a que agora saiu não foge a essa regra. Um dos temas mais interessantes é um "ranking" das melhores pequenas cidades para se viver. Lausanne, na Suíça, ocupa o primeiro lugar, seguida por Boulder, nos Estados Unidos, e Bergen, na Noruega. O Porto aparece em nono lugar. Em cada caso, é feita uma análise da razão de recomendação de cada uma das urbes. Outro ponto de interesse é um trabalho sobre a nova capital que a Indonésia quer fazer, praticamente do zero, para substituir Jacarta como sede do Governo. Outro artigo interessante relata o aumento do consumo do cartão devido às embalagens utilizadas para a expedição das compras online e as iniciativas que a indústria do sector está a desenvolver para minorar os efeitos ambientais. Se já pensou como é a vida de um agente de escritores ou artistas, esta edição do "Forecast" dá-lhe uma ideia do que fazem alguns dos mais conhecidos. No campo das artes, fiquei a saber que a Hungria está a captar cada vez mais filmagens de produções de cinema e televisão graças a uma "film commission" que funciona bem, suportada por incentivos fiscais que, em 2019, atraíram para o país 360 milhões de euros para o sector audiovisual. Ora, se cá o Ministério das Finanças entendesse o que os húngaros entendem pela vida, podia ser bem diferente para esta área em Portugal - não nos falta a luz, nem cenários naturais, nem técnicos. Só falta vontade política para fazer uma oferta financeira atraente.

O príncipe
Em 1992, Prince lançou "1999", um álbum que muitos consideram o momento de viragem na sua carreira, o trabalho que lhe trouxe êxito e reconhecimento, assim como acesso a novos públicos. Foi o quinto álbum da sua carreira e o primeiro com a sua banda The Revolution. Faixas como a que dá o título, "1999", ou "Delirious" ou "Little Red Corvette" foram marcantes. O disco, feito numa época particularmente agitada da sua carreira, coexistiu com o trabalho que fez com as Vanity 6 e Time, conseguindo manter um elevado padrão de qualidade. Agora, a Warner lançou uma caixa com cinco discos que, além dos temas originais, inclui lados B de singles, demos de estúdio, inéditos e a gravação de um concerto dessa época. As canções originais foram remasterizadas e o conjunto de cinco discos tem, ao todo 65 temas. O primeiro CD tem os 11 temas originais, o segundo inclui 18 demos, versões alternativas e edits para maxi singles. Nos dois discos seguintes, há lados B de singles e inéditos - com destaque para uma balada tocada ao piano, "How Come You Don’t Call Me Anymore", o vibrante "Horny Toad" que apareceu ao longo dos anos sob várias formas, ou ainda "Moonbeam Levels", que tinha sido revelado no álbum póstumo "4ever". O quinto disco reproduz a gravação de um concerto realizado em Detroit a 30 de Novembro de 1992, com a energia que Prince colocava em palco. A caixa inclui ainda um DVD, filmado um mês mais tarde em Houston. Trata-se claramente de uma edição para fãs e coleccionadores, que merece ser ouvida com atenção para, por exemplo, se descobrirem raridades como "Money Don’t Grow On Trees" ou "Rearrange". Os cinco CD áudio estão disponíveis no Spotify.

Em defesa do panado
O escalope panado, quando é bem feito, é um petisco. Falo de um escalope de vitela, cortado fino, a carne temperada com limão, sal e pimenta, depois envolvida em ovo batido, um pouco de farinha e pão ralado para uma rápida fritura. O ideal é que fique dourado, e não com a cor escura que o óleo muito usado dá. Um bom panado tanto pode ser comido acabado de fazer, como servido frio com uma salada ou, então, no meio de um bom pão de mistura, barrado com mostarda de qualidade, aconchegado por uma folha de alface para refrescar. É mais frequente encontrar filetes de porco do que de vitela, mas se o corte da bifana for muito fino e o tempero tiver sido bem feito são igualmente bons. Esta é uma boa base para uma refeição ligeira e o frito dos panados liga bem com legumes ou uma salada só de tomate cortado em pequenos pedaços, que é o acompanhamento que prefiro. Não é preciso nenhum caldeirão para a fritura, basta uma frigideira com óleo novo de boa qualidade e em pequena quantidade - não necessita de cobrir o filete. Dois minutos de cada lado devem chegar e, depois, é deixar secar para tirar o excesso de óleo. No fim, basta temperar já no prato com uma generosa quantidade de limão espremido.



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