Opinião
A esquina do Rio
O maior feito de Marcelo Rebelo de Sousa nestes seus primeiros cem dias como Presidente da República foi conseguir que os cidadãos, pela primeira vez em muitos anos, reganhassem respeito pelo titular de um cargo político
Back to basics
Nunca vale a pena discutir com uma pessoa grosseira e malcriada. Ela fica sempre em vantagem por ter experiência em ser estúpida.
Mark Twain
"Gravitas"
O maior feito de Marcelo Rebelo de Sousa nestes seus primeiros cem dias como Presidente da República foi conseguir que os cidadãos, pela primeira vez em muitos anos, reganhassem respeito pelo titular de um cargo político independentemente de filiações partidárias. Há quem se incomode com o facto de Marcelo romper o protocolo, falar directamente com as pessoas e fazer coisas imprevistas, como passear no meio dos espectadores do Primavera Sound ou ir à praia, descontraído, como gosta e costumava fazer.
Ao longo destes 42 anos, desde 1974, criou-se a ideia de que os titulares de cargos políticos eram uma elite intocável que, à excepção dos períodos de campanha eleitoral, evitava - e por vezes desprezava - o contacto popular com os cidadãos. Alguns comentadores consideram que esta falta de "gravitas" de Marcelo, como Presidente, pode danificar a instituição. Pois a mim parece-me exactamente o contrário. Marcelo está a recuperar a credibilidade não só do seu cargo, como da percepção que as pessoas têm do pessoal político. Esta foi uma semana rica de simbolismos - a forma como agiu face a alguns diplomas, as justificações que deu e, sobretudo, o 10 de Junho. A sua frase sobre as culpas das elites na situação portuguesa, e o reconhecimento de que foi o povo que salvou a Nação, é talvez a coisa mais importante e profunda que disse e que melhor sintetiza o Portugal deste século. E a sua relação com António Costa, de que o episódio do guarda-chuva de Paris é um símbolo, permanecerá como um sinal de respeito entre instituições, sem ser nas solenidades dos corredores de Belém.
Como um artigo da agência Lusa registou, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, teve mais de 250 iniciativas de agenda - entre visitas, encontros e audiências - nos primeiros 100 dias em funções e só em 18 dias esteve em silêncio. Ainda bem que tem sido assim.
Semanada
• A Zona Euro cresceu três vezes mais do que Portugal no primeiro trimestre deste ano • a proporção dos alunos do ensino secundário que querem candidatar-se ao ensino superior baixou, mais uma vez • o Banco de Portugal prevê uma quebra no volume das exportações, em relação às previsões iniciais • só em Abril, as exportações de bens caíram 2,3% em relação ao ano passado • um relatório da D&B indica que são as empresas mais pequenas e as mais novas, como as start-ups, que estão a criar mais emprego em Portugal • vários deputados municipais, da maioria dos partidos, defenderam a demissão do vereador Manuel Salgado e do director municipal do Urbanismo devido às irregularidades detectadas na torre das Picoas • Tino de Rans anunciou que vai criar um partido e realizará, no Verão, uma viagem pelo país para ouvir sugestões de nomes para a organização • o passivo dos partidos políticos com assento na Assembleia da República ascende a 35 milhões de euros e a maior parte é do PS • 29,2% dos portugueses acreditam que Portugal pode ganhar o Euro, indica uma sondagem do Correio da Manhã • em Abril, a dívida pública ultrapassou 130% do PIB • Costa seguiu o exemplo de Passos Coelho e também apelou a que os professores emigrem • o agente do SIS que foi detido armado em espião diz que costumava levar consigo documentos da NATO para trabalhar fora do serviço e declara ter passado recibo pelo dinheiro que terá recebido dos russos • um relatório agora divulgado indica que a gestão de Santos Ferreira e Armando Vara teve grande responsabilidade no acumular de 2,3 mil milhões de euros de créditos que estão em risco.
Folhear
Scenario é uma revista dinamarquesa sobre análises, tendências, ideias e futuro. Na sua mais recente edição, a Scenario aborda a comunicação no século XXI, fala da utilização de traduções automáticas ou da robotização na escrita e no jornalismo. Mas o artigo "Language and Communication in the 21st century" estuda sobretudo o modo como a tecnologia moldou sempre a forma como comunicamos, no longo caminho desde a invenção da impressão tipográfica, há seiscentos anos, até à generalização dos ícones e "emojis" como forma de expressão universal de ideias e sentimentos sem recurso a palavras.
Outro texto, "Broken nations & rising cities", formula uma tese interessante: hoje em dia, e cada vez mais, as cidades são o território onde as coisas acontecem, onde as transformações são mais rápidas e as mudanças se concretizam. Ora, isto levará à redução da importância das instituições nacionais, deixando aos Estados essencialmente o papel da construção da cultura nacional e da regulação da cooperação entre as cidades, ficando os Estados, no entanto, com menor poder de decisão em relação a decisões políticas. Um dos artigos mais interessantes aborda o papel dos seres humanos numa sociedade onde as máquinas crescem e o trabalho diminui. É inevitável que surja a pergunta: será que a automação criará novos empregos? E existe uma tendência - o trabalho tem uma forma cada vez mais híbrida e multidisciplinar, coisa que já é patente nas indústrias criativas, mas que vai rapidamente alastrar a toda a sociedade. O artigo tem o título "Your children's jobs have yet to be invented" e elabora sobre a entrada no mercado de trabalho da primeira geração que nasceu no digital. A Scenario é editada seis vezes por ano pelo Copenhagen Institute for Future Studies e está à venda por 13 euros na "Under The Cover", Rua Sá da Bandeira 88b. Podem explorar a temática da revista em www.scenariomagazine.com.
Gosto
Metade dos doentes com hepatite C ficarão curados graças à nova medicação que foi aprovada pelo anterior ministro, Paulo Macedo.
Não gosto
Nas obras que estão por todo o lado em Lisboa, não há, em locais de boa visibilidade pelo menos, placas com informação da Câmara sobre a data de início, prazo previsto para conclusão e respectivo orçamento aprovado.
Ver
O terceiro piso do Museu Nacional de Arte Contemporânea (Rua Serpa Pinto, Chiado) reabriu com a exposição "Vanguardas e Neovanguardas na arte portuguesa séculos XX e XXI", que agrupa 80 obras em núcleos como "Retrato, Autofiguração e Arquétipos", "Dos Futurismos ao regresso à ordem", "Expressionismos e Surrealismo", "Neocubismo, Neorrealismo e Surrealismos", "Abstraccionismos e Nova Figuração", "Neovanguardas anos 60 e 70" e "Pós-modernismos e Novos Media". Na imagem está a obra "Sombra projectada de René Bértholo", de Lourdes Castro, de 1964. Lourdes Castro, juntamente com Fernando Lanhas e Joaquim Rodrigo, tem presença destacada graças à qualidade e número das suas obras disponíveis no acervo do museu. A reabertura deste terceiro piso completa as obras de renovação que permitiram usar áreas do Convento de S. Francisco, onde funcionava anteriormente o Governo Civil. Situado no centro histórico de Lisboa, o Museu do Chiado foi fundado em 1911, como Museu Nacional de Arte Contemporânea, e o seu acervo integra mais de 5.000 peças de arte, desde 1850 até à actualidade, incluindo pintura, escultura, desenho, fotografia e vídeo. Uma das questões que esta nova exposição coloca é a da ausência, há já vários anos, de uma política constante e coerente de compras de obras de arte contemporâneas por parte de entidades públicas, que no fundo foi o que permitiu que a presente colecção existisse.
Arco da velha
Para transformar a Fontes Pereira de Melo numa avenida mais amiga dos peões e com mais árvores, a CML vai abater dez choupos cinquentenários.
Ouvir
James Blake é um cantor de emoções - pela forma como compõe, como escolhe os ambientes sonoros, como interpreta vocalmente. E é um asceta, um dedicado seguidor da simplicidade como o seu "Overgrown", o álbum de 2013, bem demonstra. O seu novo disco, agora lançado, "The Colour Is Anything", reflecte no entanto uma evolução. Nas notas de capa do disco, Blake diz que os três mais recentes anos da sua vida, entre o anterior disco e este, foram de aprendizagem e declara que este álbum é o documento dessa aprendizagem.
Tem mais vozes, mais sonoridades e, sobretudo, mais parcerias criativas. Blake, que vive em Londres, confessou que em certo momento sentiu a necessidade de sair da sua cidade e procurar novos espaços. Encontrou-os com o produtor norte-americano Rick Rubin, nos estúdios deste último, o Shangri La, em Malibu. Sete dos 17 temas do álbum são fruto dessa colaboração - embora seja evidente, ao longo de todos, a marca muito pessoal da produção do próprio Blake.
Por curiosidade, diga-se que James Blake trabalhou na produção do mais recente disco de Beyoncé, "Lemonade", e foi co-autor do respectivo tema de abertura, "Pray You Catch Me". Bon Iver, Frank Ocean, Justin Vernon e o baixista Connan Mockasin são outros dos nomes que Blake reuniu à sua volta para pontualmente terem intervenção neste "The Colour Is Anything". Há coisas que não se alteraram - a amplitude das paisagens sonoras, a utilização sabiamente combinada do piano, percussão, voz, sintetizadores e baixo, produzindo uma rara amplitude de paisagens sonoras. Os meus destaques vão para a faixa de abertura "Radio Silence", "F.O.R.E.V.E.R", "I Hope My Life" e sobretudo para "Choose Me", uma fantástica canção de amor, e para o tema que encerra o disco, um verdadeiro hino moldado na voz de Blake, "Meet You In The Maze". CD Polydor, distribuído em Portugal pela Universal Music.
Dixit
Não se pode esquecer que tive votos que davam para encher os estádios do Dragão, de Alvalade e da Luz.
Tino de Rans
Provar
Quando a escolha é um "filet mignon" de carne de primeira qualidade, grelhado, verdadeiramente mal passado, apenas temperado a sal e pimenta, a opção com melhor relação de qualidade preço é o "self-service" do Grill Gemini, um clássico lisboeta que continua com uma clientela fiel. O "filet mignon" vem com acompanhamento à escolha e custa 13,80€. Dos menus diários faz sempre parte peixe fresco, exposto numa vitrina logo à entrada, espetadas de gambas ou de lulas, bacalhau na brasa, "entrecôte" ou costeleta de novilho, entre outras possibilidades. O prato do dia custa 6€, os outros variam até ao valor do "filet mignon", que é o mais alto. O restaurante é um sobrevivente do Centro Comercial Gemini e fica na Rua Sousa Lopes, junto a Entrecampos. Estaciona-se com facilidade, fecha aos sábados e está aberto das 08h30 como café e pastelaria até às 18h30. Os produtos são fresquíssimos e o pessoal é muito simpático.
Nunca vale a pena discutir com uma pessoa grosseira e malcriada. Ela fica sempre em vantagem por ter experiência em ser estúpida.
Mark Twain
"Gravitas"
O maior feito de Marcelo Rebelo de Sousa nestes seus primeiros cem dias como Presidente da República foi conseguir que os cidadãos, pela primeira vez em muitos anos, reganhassem respeito pelo titular de um cargo político independentemente de filiações partidárias. Há quem se incomode com o facto de Marcelo romper o protocolo, falar directamente com as pessoas e fazer coisas imprevistas, como passear no meio dos espectadores do Primavera Sound ou ir à praia, descontraído, como gosta e costumava fazer.
Ao longo destes 42 anos, desde 1974, criou-se a ideia de que os titulares de cargos políticos eram uma elite intocável que, à excepção dos períodos de campanha eleitoral, evitava - e por vezes desprezava - o contacto popular com os cidadãos. Alguns comentadores consideram que esta falta de "gravitas" de Marcelo, como Presidente, pode danificar a instituição. Pois a mim parece-me exactamente o contrário. Marcelo está a recuperar a credibilidade não só do seu cargo, como da percepção que as pessoas têm do pessoal político. Esta foi uma semana rica de simbolismos - a forma como agiu face a alguns diplomas, as justificações que deu e, sobretudo, o 10 de Junho. A sua frase sobre as culpas das elites na situação portuguesa, e o reconhecimento de que foi o povo que salvou a Nação, é talvez a coisa mais importante e profunda que disse e que melhor sintetiza o Portugal deste século. E a sua relação com António Costa, de que o episódio do guarda-chuva de Paris é um símbolo, permanecerá como um sinal de respeito entre instituições, sem ser nas solenidades dos corredores de Belém.
Como um artigo da agência Lusa registou, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, teve mais de 250 iniciativas de agenda - entre visitas, encontros e audiências - nos primeiros 100 dias em funções e só em 18 dias esteve em silêncio. Ainda bem que tem sido assim.
• A Zona Euro cresceu três vezes mais do que Portugal no primeiro trimestre deste ano • a proporção dos alunos do ensino secundário que querem candidatar-se ao ensino superior baixou, mais uma vez • o Banco de Portugal prevê uma quebra no volume das exportações, em relação às previsões iniciais • só em Abril, as exportações de bens caíram 2,3% em relação ao ano passado • um relatório da D&B indica que são as empresas mais pequenas e as mais novas, como as start-ups, que estão a criar mais emprego em Portugal • vários deputados municipais, da maioria dos partidos, defenderam a demissão do vereador Manuel Salgado e do director municipal do Urbanismo devido às irregularidades detectadas na torre das Picoas • Tino de Rans anunciou que vai criar um partido e realizará, no Verão, uma viagem pelo país para ouvir sugestões de nomes para a organização • o passivo dos partidos políticos com assento na Assembleia da República ascende a 35 milhões de euros e a maior parte é do PS • 29,2% dos portugueses acreditam que Portugal pode ganhar o Euro, indica uma sondagem do Correio da Manhã • em Abril, a dívida pública ultrapassou 130% do PIB • Costa seguiu o exemplo de Passos Coelho e também apelou a que os professores emigrem • o agente do SIS que foi detido armado em espião diz que costumava levar consigo documentos da NATO para trabalhar fora do serviço e declara ter passado recibo pelo dinheiro que terá recebido dos russos • um relatório agora divulgado indica que a gestão de Santos Ferreira e Armando Vara teve grande responsabilidade no acumular de 2,3 mil milhões de euros de créditos que estão em risco.
Folhear
Scenario é uma revista dinamarquesa sobre análises, tendências, ideias e futuro. Na sua mais recente edição, a Scenario aborda a comunicação no século XXI, fala da utilização de traduções automáticas ou da robotização na escrita e no jornalismo. Mas o artigo "Language and Communication in the 21st century" estuda sobretudo o modo como a tecnologia moldou sempre a forma como comunicamos, no longo caminho desde a invenção da impressão tipográfica, há seiscentos anos, até à generalização dos ícones e "emojis" como forma de expressão universal de ideias e sentimentos sem recurso a palavras.
Outro texto, "Broken nations & rising cities", formula uma tese interessante: hoje em dia, e cada vez mais, as cidades são o território onde as coisas acontecem, onde as transformações são mais rápidas e as mudanças se concretizam. Ora, isto levará à redução da importância das instituições nacionais, deixando aos Estados essencialmente o papel da construção da cultura nacional e da regulação da cooperação entre as cidades, ficando os Estados, no entanto, com menor poder de decisão em relação a decisões políticas. Um dos artigos mais interessantes aborda o papel dos seres humanos numa sociedade onde as máquinas crescem e o trabalho diminui. É inevitável que surja a pergunta: será que a automação criará novos empregos? E existe uma tendência - o trabalho tem uma forma cada vez mais híbrida e multidisciplinar, coisa que já é patente nas indústrias criativas, mas que vai rapidamente alastrar a toda a sociedade. O artigo tem o título "Your children's jobs have yet to be invented" e elabora sobre a entrada no mercado de trabalho da primeira geração que nasceu no digital. A Scenario é editada seis vezes por ano pelo Copenhagen Institute for Future Studies e está à venda por 13 euros na "Under The Cover", Rua Sá da Bandeira 88b. Podem explorar a temática da revista em www.scenariomagazine.com.
Gosto
Metade dos doentes com hepatite C ficarão curados graças à nova medicação que foi aprovada pelo anterior ministro, Paulo Macedo.
Não gosto
Nas obras que estão por todo o lado em Lisboa, não há, em locais de boa visibilidade pelo menos, placas com informação da Câmara sobre a data de início, prazo previsto para conclusão e respectivo orçamento aprovado.
Ver
O terceiro piso do Museu Nacional de Arte Contemporânea (Rua Serpa Pinto, Chiado) reabriu com a exposição "Vanguardas e Neovanguardas na arte portuguesa séculos XX e XXI", que agrupa 80 obras em núcleos como "Retrato, Autofiguração e Arquétipos", "Dos Futurismos ao regresso à ordem", "Expressionismos e Surrealismo", "Neocubismo, Neorrealismo e Surrealismos", "Abstraccionismos e Nova Figuração", "Neovanguardas anos 60 e 70" e "Pós-modernismos e Novos Media". Na imagem está a obra "Sombra projectada de René Bértholo", de Lourdes Castro, de 1964. Lourdes Castro, juntamente com Fernando Lanhas e Joaquim Rodrigo, tem presença destacada graças à qualidade e número das suas obras disponíveis no acervo do museu. A reabertura deste terceiro piso completa as obras de renovação que permitiram usar áreas do Convento de S. Francisco, onde funcionava anteriormente o Governo Civil. Situado no centro histórico de Lisboa, o Museu do Chiado foi fundado em 1911, como Museu Nacional de Arte Contemporânea, e o seu acervo integra mais de 5.000 peças de arte, desde 1850 até à actualidade, incluindo pintura, escultura, desenho, fotografia e vídeo. Uma das questões que esta nova exposição coloca é a da ausência, há já vários anos, de uma política constante e coerente de compras de obras de arte contemporâneas por parte de entidades públicas, que no fundo foi o que permitiu que a presente colecção existisse.
Arco da velha
Para transformar a Fontes Pereira de Melo numa avenida mais amiga dos peões e com mais árvores, a CML vai abater dez choupos cinquentenários.
Ouvir
James Blake é um cantor de emoções - pela forma como compõe, como escolhe os ambientes sonoros, como interpreta vocalmente. E é um asceta, um dedicado seguidor da simplicidade como o seu "Overgrown", o álbum de 2013, bem demonstra. O seu novo disco, agora lançado, "The Colour Is Anything", reflecte no entanto uma evolução. Nas notas de capa do disco, Blake diz que os três mais recentes anos da sua vida, entre o anterior disco e este, foram de aprendizagem e declara que este álbum é o documento dessa aprendizagem.
Tem mais vozes, mais sonoridades e, sobretudo, mais parcerias criativas. Blake, que vive em Londres, confessou que em certo momento sentiu a necessidade de sair da sua cidade e procurar novos espaços. Encontrou-os com o produtor norte-americano Rick Rubin, nos estúdios deste último, o Shangri La, em Malibu. Sete dos 17 temas do álbum são fruto dessa colaboração - embora seja evidente, ao longo de todos, a marca muito pessoal da produção do próprio Blake.
Por curiosidade, diga-se que James Blake trabalhou na produção do mais recente disco de Beyoncé, "Lemonade", e foi co-autor do respectivo tema de abertura, "Pray You Catch Me". Bon Iver, Frank Ocean, Justin Vernon e o baixista Connan Mockasin são outros dos nomes que Blake reuniu à sua volta para pontualmente terem intervenção neste "The Colour Is Anything". Há coisas que não se alteraram - a amplitude das paisagens sonoras, a utilização sabiamente combinada do piano, percussão, voz, sintetizadores e baixo, produzindo uma rara amplitude de paisagens sonoras. Os meus destaques vão para a faixa de abertura "Radio Silence", "F.O.R.E.V.E.R", "I Hope My Life" e sobretudo para "Choose Me", uma fantástica canção de amor, e para o tema que encerra o disco, um verdadeiro hino moldado na voz de Blake, "Meet You In The Maze". CD Polydor, distribuído em Portugal pela Universal Music.
Dixit
Não se pode esquecer que tive votos que davam para encher os estádios do Dragão, de Alvalade e da Luz.
Tino de Rans
Provar
Quando a escolha é um "filet mignon" de carne de primeira qualidade, grelhado, verdadeiramente mal passado, apenas temperado a sal e pimenta, a opção com melhor relação de qualidade preço é o "self-service" do Grill Gemini, um clássico lisboeta que continua com uma clientela fiel. O "filet mignon" vem com acompanhamento à escolha e custa 13,80€. Dos menus diários faz sempre parte peixe fresco, exposto numa vitrina logo à entrada, espetadas de gambas ou de lulas, bacalhau na brasa, "entrecôte" ou costeleta de novilho, entre outras possibilidades. O prato do dia custa 6€, os outros variam até ao valor do "filet mignon", que é o mais alto. O restaurante é um sobrevivente do Centro Comercial Gemini e fica na Rua Sousa Lopes, junto a Entrecampos. Estaciona-se com facilidade, fecha aos sábados e está aberto das 08h30 como café e pastelaria até às 18h30. Os produtos são fresquíssimos e o pessoal é muito simpático.
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