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25 de Outubro de 2013 às 11:14

A esquina do Rio

Apesar da fartura de notícias relacionando a iminente morte da imprensa com uma crise da comunicação, surgem cada vez mais sinais de que as coisas não são assim.

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Back to basics
Será que os andróides sonham com ovelhas electrónicas? Philip K. Dick

 

 

  

Comunicar

Apesar da fartura de notícias relacionando a iminente morte da imprensa com uma crise da comunicação, surgem cada vez mais sinais de que as coisas não são assim. Recentemente, a "Advertising Age" publicou um trabalho no qual reflectia sobre o sucesso de alguns títulos que souberam desenvolver aquilo a que chamaram "uma árvore de interesses" - ramificações, a partir do tronco original da marca, em papel, que passam por diversos aproveitamentos digitais, por operações de venda "online", mas também por "spin-offs" virtuais, que exploram nichos de interesse dentro da marca principal, e por eventos e iniciativas públicas que fornecem conteúdo editorial e são ocasiões especiais de interacção pessoal entre leitores e editores.


Alguns estudiosos de comunicação olham para o que se passa hoje em dia e afirmam que estamos a sair do "parenthesis de Gutenberg": durante cerca de cinco séculos, a informação e o conhecimento foram formatados pelo processo tipográfico, mas o digital veio acabar com essa rigidez, permitindo, de novo, a livre troca de colaborações, conversas, opiniões - por definição, as edições digitais estão sempre em permanente alteração e actualização. Há quem diga que esta evolução da forma fixa do papel para a fluidez digital não é nova - é apenas o regresso à tradição oral, à forma original de comunicação entre as pessoas, antes do tal "parenthesis de Gutenberg" - e o twitter parece ser um excelente exemplo disso mesmo. Talvez estejamos apenas numa transição, no recomeço de um velho processo: o da comunicação. As marcas fortes que se afirmaram na informação vão continuar a contar boas histórias, talvez apenas de outra maneira, e é nelas que os leitores continuarão a acreditar.

 

 

 

 

Dixit

O PSD, após as autárquicas, ficou numa desorientação completa.
Rui Rio

 

 

 

 

Semanada


Ricardo Salgado já se deslocou duas vezes a Luanda no espaço de 20 dias Lobo Xavier disse que foram o PSD e o CDS a forçar a intervenção da troika em Portugal  Sócrates disse a mesma coisa na entrevista ao "Expresso"  Rui Moreira aliou-se ao PS e disse querer continuar a obra de Rui Rio  Rui Moreira, na sua tomada de posse enquanto presidente da Câmara Municipal do Porto, propôs a criação de uma Liga de Cidades de todo o Norte; PS, PCP e BE acusaram Cavaco de estar alinhado com o Governo  em três anos, 156 portugueses mudaram de sexo  o Governo anunciou que, em 2014, apenas os salários mais baixos pioram em relação a 2012  nas duas semanas seguintes às eleições, as autarquias, teoricamente em gestão, adjudicaram mais de 25 milhões de euros em contratos diversos  as eleições para a Ordem dos Psicólogos geraram polémica sobre a preparação da votação  Portugal e Espanha vão passar a trocar informações sobre contribuintes, empresas e cidadãos; o resultado líquido das empresas portuguesas caiu 97% em dois anos  o orçamento da Polícia Judiciária para 2014 não contempla verba para munições de treino  o Orçamento do Estado para 2014 prevê mais 3,4 milhões de gastos com pessoal nos diversos gabinetes governamentais  a despesa do Estado derrapou 857 milhões entre Maio e Outubro.

 

 

 

 

Arco da velha

Renato Sampaio, ex-presidente da Distrital do PS do Porto, considerou Sócrates um exemplo de humanismo, verticalidade e forte carácter, e sublinhou que "hoje, no PS, não é fácil ser amigo de José Sócrates".

 

 

 

 

 

Ouvir
Gregory Porter, 42 anos, esteve em Portugal no início deste mês para dois concertos, onde apresentou o seu novo álbum "Liquid Spirit", o primeiro que grava para a Blue Note e terceiro na sua carreira. Considerado como uma das grandes revelações do jazz vocal, cantor e autor, Porter tem uma voz de barítono, cheia e emotiva - um crítico do jornal "The Guardian" classificava a voz do cantor como "sumptuosa" e não me parece exagero. Os temas de Gregory Porter ficam no ouvido, mexem com as tradições do gospel e dos blues, seduzem nas baladas e agitam nas faixas mais funky, que são também aquelas onde ele parece mais à vontade e empolgado. Este é talvez o seu melhor disco, onde mostra a sua versatilidade em vários géneros musicais e onde, para além dos seus próprios temas, tem uma boa interpretação de "The In Crowd". Os dois discos anteriores tiveram nomeações para os Grammy. A ver vamos o que acontece a este "Liquid Spirit", um passo em frente em relação a qualquer dos anteriores discos de Porter.

 

 

  

 

Ver
Várias sugestões para esta semana: no Arquivo Municipal de Fotografia, na Rua da Palma, destaca-se a exposição de Ana Maria Holstein Beck - "Álbuns de Família", que conta com 120 fotografias seleccionadas de um espólio notável, a maioria dos anos 20 do século passado, que em muitos momentos faz lembrar a forma como Lartigue fotografou a sua própria família no início do percurso como fotógrafo; num outro registo, destaca-se a abertura de uma nova galeria dedicada à fotografia, que concilia o seu espaço com um estúdio - The Black Sheep, na Rua do Sol ao Rato 45 A, que apresenta a exposição "I Am Bunny", projecto desenvolvido pelo luso-americano João Carlos; em A Pequena Galeria, Avenida 24 de Julho 4c, está "Interiores", de Carlos Oliveira Cruz. Mas o destaque da semana vai para a exposição que abre este sábado na Fundação Carmona e Costa, "Pandemos", em que Manuel João Vieira, Pedro Portugal e Pedro Proença apresentam trabalhos recentes: "Pandemos é sobre o que se passou ontem, sem nostalgias, sobre o que se passa agorinha (com troika e tudo!) e sobre as ganas de continuar a viver uma vida cada vez mais sexy, com ou sem desgraças" - na Rua Soeiro Pereira Gomes Lote 1-6º até 28 de Dezembro.

 

 

 

 

 

Gosto

Uma arquitecta do Porto desenvolveu uma marca de sabrinas, as "josefinas", que começam a entrar nos mercados americano e japonês.

 

 

Não gosto

O "enorme aumento de impostos" não reduziu o défice orçamental deste ano.

 

 

 

 

 

Folhear
Nas eleições de 1976, Mário Soares teve uma estratégia arriscada: recusou alianças com o PCP ou com o PSD, correu o risco de ficar na oposição, mas saiu vencedor e assim afirmou o espaço político do PS. Se isto fosse marketing em vez de política, dir-se-ia que afirmou uma marca, demarcando-se da concorrência. Este episódio, que havia de se revelar decisivo para a evolução do regime e da democracia portuguesa, tem sido pouco estudado, mas o livro "Mário Soares e a Revolução", de David Castaño, fruto de uma investigação universitária aprofundada que serviu de base ao doutoramento do autor, proporciona "um retrato rigoroso e objectivo da afirmação política de Mário Soares nos anos decisivos da revolução de Abril (...) transformando-se no líder charneira da institucionalização da democracia portuguesa", como sublinha o politólogo António Costa Pinto. O autor, David Castaño, pelo seu lado, sublinha que a sua obra estuda um caso concreto de liderança, num período conturbado, onde se procuram identificar os momentos em que as opções individuais "contribuíram para a condução de um processo de transição numa direcção, em detrimento de outras alternativas que se colocavam". Ao longo de 300 páginas, o livro segue o percurso de Mário Soares desde o início da sua actividade política, mas é sobretudo na ampla investigação relativa aos acontecimentos da segunda metade de 1974, de todo o ano de 1975 e da preparação das eleições legislativas e presidenciais de 1976, no pós 25 de Novembro, que o livro ganha maior relevância, tem mais factos novos e bem relacionados, e desperta mais interesse. (Edição D.Quixote)

 

 

 

 

Provar
Desde 1976, existe na Rua da Paz, em Sesimbra, um restaurante, premiado várias vezes, que dá pelo nome de "A Padaria", em homenagem ao antigo ofício que ali antes se praticava. De decoração sóbria e confortável, com uma esplanada (nos dias de bom tempo) virada ao mar a meio de uma rua em escadaria, este restaurante é uma boa surpresa - e prova que há razões gastronómicas relevantes para quem está em Lisboa atravessar a ponte e rumar a estas bandas. Numa incursão recente, tive a sorte de aparecer numa altura em que havia acabado de ser pescado um espadarte rosa da costa de Sesimbra com quase 350 quilos. O animal foi dividido por vários restaurantes que são dedicados às qualidades da espécie e, por sorte e bom conselho do chef, provei o tal espadarte, fumado a quente, acompanhado por um risotto de espargos. Devo confessar que nunca havia provado espadarte de tal qualidade e tão bem confeccionado. Foi uma verdadeira surpresa, e os outros convivas da mesa que seguiram o mesmo pedido estavam também deliciados. A acompanhar, esteve um Duas Quintas reserva branco, magnífico. A responsabilidade do repasto foi do chefe Pedro Gomes que, para entreter o tempo do fumeiro, trouxe à mesa uns amouche-bouches intrigantes mas, fazendo jus ao nome, sobretudo divertidos, a proporcionar conversa com humor. A refeição rematou com um gelado de arroz doce, também aconselhável. Em querendo, há um menu degustação, mas vale sempre a pena perguntar quais os pratos do dia. Rua da Paz número 5, Sesimbra, tel 212 280 381.

 

 

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