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Uma economia baseada no turismo?

A actividade turística é muito sensível a fenómenos de moda, de preço, de perturbações sociais, de acções de terrorismo, de alterações ambientais e de receios de saúde pública, como a que ocorre neste momento.

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Temos assistido, com um misto de perplexidade e de preocupação, a declarações de responsáveis políticos dos partidos de esquerda, que nos governam, defendendo a construção dum modelo económico, de extrema dependência do turismo, para Portugal.

E, temos assistido, com a mesma perplexidade e preocupação, à novela sobre o novo aeroporto, com os responsáveis políticos a insistirem numa localização, o Montijo, que não foi objecto de uma análise comparada, séria e tecnicamente credível, com outras localizações, que não é defendida por nenhum engenheiro, independente, especialista em engenharia civil ou do ambiente, e com conhecimentos comprovados, nesta matéria, nem pelos autarcas envolvidos.

Neste campo, assistimos, ainda, com estupefacção, a declarações dum responsável governamental, equivalente a outras, emitidas em países da América Latina, sobre a inteligência dos pássaros do Montijo.

Assistimos a tudo isto e não acreditamos que se está a passar num país europeu, membro da União Europeia, mesmo sendo o mais pobre e menos qualificado.

Uma economia excessivamente dependente do turismo tem um risco inaceitável, que qualquer dirigente político devia conhecer.

A actividade turística é muito sensível a fenómenos de moda, de preço, de perturbações sociais, de acções de terrorismo, de alterações ambientais e de receios de saúde pública, como a que ocorre neste momento.

Os fenómenos de pobreza generalizada que ocorreram nos países do Norte de África, na sequência da Primavera Árabe, e no Egipto, após um ataque terrorista a um hotel de referência, não podem ser ignorados.

Os países onde a actividade turística é subsidiária duma economia industrial e de serviços pujante, com uma predominância de turismo de negócios, como Inglaterra, ou Suíça, são os que têm uma aproximação correcta.

O turismo em Portugal já representa entre 12 e 15% do PIB, e entre 8 e 10% das exportações, em actividades de baixo valor acrescentado, com um turismo de lazer, ligado preferencialmente ao clima e gastronomia. A continuação do seu crescimento, baseado no mesmo modelo de baixo valor acrescentado, típico dos países subdesenvolvidos, representa um risco acrescido.

 

Uma economia excessivamente dependente do turismo tem um risco inaceitável.

O país, em geral, e Lisboa, em particular, precisam de atrair mais empresas, que decidam localizar aqui as suas sedes, em sectores produtivos, industriais e de serviços, de bens transaccionáveis, que fomentem um turismo de negócios, de alto valor acrescentado.

Tornando a economia portuguesa mais resiliente, mais diversificada e mais capaz de resistir a choques externos.

O modelo de política económica adoptado, pelos partidos de esquerda, baseando o crescimento no turismo e no consumo interno, foi, como todos os economistas sérios alertaram, um erro enorme.

Cujas consequências serão evidentes, já este ano, com o PIB a decrescer entre -8% e -10% e o desemprego a aumentar para níveis de 12 a 14%.

Vamos, todos, pagar, caríssimo, estas opções de política económica.

Com um país cada vez mais pobre e com menos futuro para os nossos jovens.

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