Opinião
Fusões, aquisições, consolidação empresarial
Iremos assistir, em toda a Europa, a processos de fusões, aquisições e consolidação empresarial, criando empresas com dimensão e capacidade competitiva, a nível global, que possam competir, em pé de igualdade, com as grandes empresas chinesas e norte-americanas.
A economia portuguesa vem, há muito, revelando as suas fragilidades, por força da pequena dimensão das nossas empresas, em particular, as que produzem bens transaccionáveis e têm de competir nos mercados internacionais.
Esta dimensão insuficiente limita a capacidade para investimentos em inovação e novas tecnologias, que lhes permitiriam produzir produtos com maior valor acrescentado.
É, também, um constrangimento para a implementação de programas de marketing robustos, essenciais para poderem aumentar substancialmente a sua capacidade exportadora.
Não é, pois, de estranhar, que perdido o mercado de Angola, por força das dificuldades económicas daquele país, o volume de exportações de bens tenha estagnado, com tendência de diminuição.
A ausência duma estratégia de apoio e reforço da competitividade das nossas empresas exportadoras de bens, com a aposta do actual governo, de extrema-esquerda, no turismo, restauração e comércio interno, agravou o nosso posicionamento competitivo internacional e explica a queda sistemática do nosso país, no ranking dos países europeus.
A actual pandemia veio agravar as fragilidades da nossa economia, esperando-se um período sombrio de decréscimo do PIB, falências e aumento do desemprego, associados, não só às limitações das nossas empresas exportadoras, como à recuperação muito lenta do turismo.
Iremos assistir, em toda a Europa, a processos de fusões, aquisições e consolidação empresarial, criando empresas com dimensão e capacidade competitiva, a nível global, que possam competir, em pé de igualdade, com as grandes empresas chinesas e norte-americanas.
É fundamental que o nosso país inicie, com urgência, um movimento equivalente.
Este programa exigirá a mobilização e um esforço adicional dos accionistas conscientes e informados e dos bons gestores das empresas portuguesas e a dispensa dos gestores oportunistas que se opõem a este processo, por interesses pessoais, que a teoria da agência explica com clareza.
A inexistência dum programa, sério e robusto, de apoio aos processos de fusão, aquisição e consolidação empresarial, no nosso país, empurrar-nos-á, inevitavelmente, para o fim da tabela dos países europeus e para o nosso empobrecimento, permanente e continuado.
A utilização racional e eficiente dos fundos comunitários deve implicar um movimento estruturado e urgente de fusões, aquisições e consolidação empresarial, de âmbito nacional para as nossas PME e de âmbito ibérico para as nossas grandes empresas.
A intervenção do famoso, anunciado, desejado e de nascimento permanentemente adiado, Banco de Fomento, na melhor tradição do sebastianismo, é crucial no reforço dos capitais próprios associados a todo este processo.
Este processo vai ser implementado? Não creio.
Os fundos comunitários vão ser desperdiçados na cobertura de prejuízos das empresas públicas e em mais obras públicas, e não nas empresas.
É o fado português.
Artigo em conformidade com o antigo Acordo Ortográfico