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09 de Julho de 2018 às 19:35

As gerigonças europeias

O que faz o povo a incompetentes e irresponsáveis? Dita-lhes o fim. Estes negam-se a aceitar. Querem reverter a história. Ninguém vai poder fugir a uma nova ordem em descoberta.

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A FRASE...

 

"A melhor definição do actual momento é esta: o país não mudou, mas alguma coisa está a chegar ao fim."

 

Rui Ramos, Observador, 20 de Junho de 2018

 

A ANÁLISE...

 

Ao fim de alguns séculos, a hegemonia ocidental, europeia, anglo-saxónica e americana aproxima-se do seu final com a integração da China na economia capitalista de mercado, a queda do império soviético, as novas multipolaridades e as fragmentações identitárias. O eixo Europa-Estados Unidos da América começou a deslassar-se com a visão de Obama que era preciso que a América se voltasse para o Pacífico.

 

Os ventos turbulentos da crise de 2008 vindos do outro lado do Atlântico foram-nos anunciados pela senhora Merkel como uma brisa. Que engano! Passados 10 anos, a Europa fragmenta-se perante os novos problemas (dívida, imigração, terrorismo e modelo social). País a país gerou-se uma multiplicidade de gerigonças que caminham, ocupando apenas o poder, retorcendo-se em cima de um trapézio cheio de armadilhas, usando os mais variados instrumentos de equilibrismo político nunca visto - em que a direita se une à esquerda e vice-versa, os moderados aos extremos, quer seja à direita ou à esquerda, em arranjos partidários de puro oportunismo para fixar eleitorados, impensáveis há alguns anos.

 

A inteligência bem-pensante, as elites acomodadas, o "establishment" partidário em oligopólio nalguns casos (como Portugal), noutros totalmente divididos em capelinhas e freguesias (como Itália), e os arautos do politicamente correto anunciam uma cruzada contra os populismos, esquecendo que foram as suas caçadas aos votos, dizendo e prometendo o que não podiam cumprir, que originaram as alternativas populistas.

 

Por que razão o quadro partidário tradicional não captura o eleitor votante de populistas? No discurso do 25 de Abril de 2017, o atual PR alertou-nos que "os populismos alimentam-se das deficiências,… incompetências e irresponsabilidades do poder político". O que faz o povo a incompetentes e irresponsáveis? Dita-lhes o fim. Estes negam-se a aceitar. Querem reverter a história. Ninguém vai poder fugir a uma nova ordem em descoberta.

 

Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

 

Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências directas e indirectas das políticas para todos os sectores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.

maovisivel@gmail.com

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