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08 de Outubro de 2019 às 10:10

AD - Alternativa democrática

As alternativas ao futuro governo liderado pelo PS deviam preparar-se numa lógica consistente, com tempo, recursos e como uma estratégia clara de verdadeira alternativa democrática.

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A FRASE...

 

"Festejem, festejem, mas que ninguém pense que algo de reformista e estruturante possa vir a ser feito por um governo de António Costa neste tempo de pós-geringonça à esquerda e Rio sem fim à direita."

José Manuel Fernandes, Observador, 7 de outubro de 2019 

 

A ANÁLISE...

 

Em 2011, as diferenças de votantes entre os partidos de esquerda (PS, BE e PCP) e os de direita (PSD e CDS) - independentemente de alguns que militam nestes partidos não quererem ser associados à esquerda e ou à direita, em que prevalece, por vezes, mais o egocentrismo e as fidelidades sobre o necessário debate ideológico para conquistar o poder - foi de aproximadamente 16.000 votos favorável à esquerda.

 

Em 2015, agora já com o PAN - um partido pendular que, por simplificação, associamos à esquerda -, a diferença foi de aproximadamente 662.000 votos. Nestas eleições, e contando com os votos do Chega, Iniciativa Liberal, Aliança e Livre, os partidos das esquerdas tiveram mais 1.081.000 de votantes do que os da direita. Recuperar 1 milhão de eleitores em quatro anos - admitindo uma legislatura com ventos favoráveis - é obra! As alternativas ao futuro governo liderado pelo PS deviam preparar-se numa lógica consistente, com tempo, recursos e como uma estratégia clara de verdadeira alternativa democrática.

Não nos devíamos esquecer de que o governo do PSD e CDS que nos libertou, e bem, da troika, foi bafejado pelo desastre que foi o crescimento e gestão da dívida pública, os efeitos da crise internacional e os erros das políticas públicas do PS à época liderado por José Sócrates. A inexperiência da troika na preparação do programa e a severidade da crise instalada levou a que o Governo de Passos Coelho e Portas, mais por imperativo externo do que por intenção, se esquecesse dos efeitos colaterais eleitorais das políticas seguidas. As esquerdas exploraram esse filão, com a ajuda dos media tradicionais.

Observando as opiniões e os comentários daqueles que pretendem que o país não seja governado pelas esquerdas, podemos concluir, como os exilados cubanos com a revolução, que "nada esqueceram e nada aprenderam". Enquanto se digladiarem em lutas fratricidas, em que os eleitores não fazem parte da equação, os resultados eleitorais futuros presumivelmente não são melhores. A estratégia política a pensar, e já em novas eleições, é mais relevante do que os atores. Estes serão fruto daquela. Talvez o país, no futuro, agradecesse de outro modo.

 

Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências diretas e indiretas das políticas para todos os setores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.

maovisivel@gmail.com

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