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13 de Abril de 2020 às 19:32

A política não está em lay-off

Os estatistas julgam-se donos do dinheiro dos outros, e usam-no para ganhar eleições. Não há donos numa democracia liberal, num Estado de direito e numa sociedade de economia livre de mercado, por mais pequeno que esta se possa vir a tornar.

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A FRASE...

 

O terceiro maior partido português quer ser levado a sério com posições destas? O BE sabe o que é austeridade?

 

Henrique Monteiro, Expresso, 10 de abril de 2020

 

A ANÁLISE...

 

O antipatriotismo agora colado a qualquer crítica às decisões políticas tomadas, neste período inesperado da história do mundo, revela uma estratégia política perversa, de natureza totalitária, assente num unanimismo criado pelo medo. "Não há alternativa" não é uma solução democrática. Pode resultar de ditames de credores, como nos aconteceu com a troika, mas não pode ser aceitável numa sociedade que se afirma como democrática. Uma acrescida intervenção do Estado – e o Estado não somos nós, é quem o ocupa e usa o seu poder coercivo – será uma consequência natural de um período "pós-guerra". A História prova-o. Afirmar que o Estado nos resolve os problemas é uma falácia e mistificação. São os credores, os fundos europeus, as poupanças acumuladas dos portugueses, que agora se vão exaurir por não poderem trabalhar, os impostos futuros que vamos ter de pagar, e a emissão monetária, salpicada com ataques populares ao sistema bancário, que nos podem ajudar a sair do atoleiro em que este vírus nos colocou.

 

Os estatistas julgam-se donos do dinheiro dos outros, e usam-no para ganhar eleições. Não há donos numa democracia liberal, num Estado de direito e numa sociedade de economia livre de mercado, por mais pequeno que esta se possa vir a tornar. A intervenção estatal não pode ser sinónimo de pré-nacionalização, nacionalização e/ou coletivismo, nem uma absoluta ou relativa perda de liberdade económica e social. Os trabalhadores do setor privado que perdem o seu emprego, e assim a sua liberdade, porque não vão encontrar empresas para serem admitidos, são os maiores perdedores desta crise. Transformar esta perda num assalto ao capital privado, através de coletivização escondida com a ajuda externa, para criação de novos administradores e empregados estatais, com as dependências dos comissariados políticos e das redes de clientelas, que tecem loas ao Deus-Estado, é uma afronta constitucional. Nem a Constituição o permite, nem os tratados europeus. O 25 de Abril, na versão do 11 de Março, destruiu o capital produtivo do país. Reergueu-se, em parte, e com dívida é certo, com a inteligência política de Mário Soares, quando nos ofereceu a Europa, e com Cavaco Silva com as privatizações, a integração europeia e a abertura da economia.

 

O vírus estatal que preside às ideias dos adeptos da geringonça prepara-se agora, com a assistência europeia e com a carga fiscal que aí vem, para destruir o restante capital e os debilitados empresários sobreviventes da bancarrota de Sócrates de 2011. Nunca os democratas e os adeptos da economia de mercado devem estar mais atentos do que agora. O silêncio empresarial, e de parte de uma comunicação social fragilizada, e o medo das oposições políticas à reação dos eleitorados às propostas que afastem o Estado da esfera da vida dos cidadãos e das empresas conduzem-nos para piores níveis de vida, e para uma sociedade asfixiada. Quando acordarem, o país pode ser outro. 

 

Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências diretas e indiretas das políticas para todos os setores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.

maovisivel@gmail.com

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