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26 de Novembro de 2019 às 10:15

A nova crispação

O medo de falar e de agir atingiu a nossa sociedade civil, dependente do Estado, falida moral e economicamente. Sem mudanças, prioritariamente do centro-direita e da direita, não oferecemos mais riqueza, mas pobreza mais bem distribuída.

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A FRASE...

 
"25 de Novembro: Marcelo e Eanes contra comemorações ‘fraturantes’."

Expresso, 25 de novembro de 2019 

 

A ANÁLISE...

Não se fazem comemorações "fraturantes", mas a fratura política agravou-se. Na ressaca da saída de Passos Coelho, o mundo do "politicamente correto" e o daqueles que ainda se consideram donos do regime democrático, que pugnam (e bem) pela comemoração do 25 de Abril, mas querem sempre reduzir o 25 de Novembro a uma pequena data do edifício democrático, asseveravam que a crispação estava instalada por pura responsabilidade do ex-PM e dos ditames da troika. Há uma nova crispação: a que resulta do assalto que a extrema-esquerda do PCP e BE estão a fazer na opinião pública ao regime democrático e ao PS da geringonça; aqueles propalando as impossibilidades económicas de tudo para todos, e estes com as causas fraturantes pós-modernistas, com a cooperação pontual de parte do PS. Como este quer manter-se no poder não se compromete com nenhuma política pública objetiva, a não ser responder às "to-do lists" geradas pelos acontecimentos, escândalos, e crises europeias e mundiais. Vê-se obrigado a satisfazer pontualmente estes manobrismos políticos da extrema-esquerda para cumprir a máxima de Maquiavel de conservação do poder.

 

Os moderados e sociais-democratas de esquerda do PS em surdina assustam-se com o que se está a passar, mas não se manifestam por puro taticismo. A geringonça crispou o país: a direita para se fazer ouvir tem de ser mais extremada, o centro está perdido ao centro, atacando as instituições públicas e privadas do Estado de direito e da economia de mercado, como se estas fossem irremediavelmente o mal do mundo português, descredibilizando-as, fazendo assim o jogo dos extremistas de esquerda. Estes agora fardados aparecem, não com os fardamentos de Fidel ou os toques de vestuário dos lenços de Arafat, mas com fatos burgueses e camisa aberta sem gravata, para inocularem o vírus trotskista nas instituições da dita burguesia capitalista, agora endividada e sem valores de referência. O medo de falar e de agir atingiu a nossa sociedade civil, dependente do Estado, falida moral e economicamente. Sem mudanças, prioritariamente do centro-direita e da direita, não oferecemos mais riqueza, mas pobreza mais bem distribuída.  

 

Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências diretas e indiretas das políticas para todos os setores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.

maovisivel@gmail.com

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