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Opinião
12 de Agosto de 2019 às 19:40

A falência disto tudo

A seriedade e a gravidade salazarista perderam-se na névoa democrática, mas o vírus estatal resistiu. A concentração de poder e de recursos no Estado gerou uma cultura de corrupção.

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A FRASE...

 

"Enquanto isto, o povo do PS, que ignorou ou quis ignorar o caso Sócrates, exalta-se com os advogados dos camionistas." 

 

Ana Sá Lopes, Público, 12 de agosto de 2019

 

A ANÁLISE...

 

As palavras esquerda e direita são úteis para os ideólogos dos partidos fixarem os seus territórios, mas irrelevantes para parte significativa do eleitorado que, em democracia, precisa sempre de uma alternativa credível. Se os que estão não servem, não resolvem, então que venham outros. Em maio de 1926, Oliveira Salazar veio para reerguer o Estado, porque estava instalada a desordem política, económica, financeira e social. Ergueu suprimindo as liberdades políticas, introduziu o conceito de "governo sem política", e afirmou que a revolução se faria com "seriedade e gravidade".

 

Em agosto de 2019, estamos dominados pela idolatria do Estado omnipotente falaciosamente reerguido com a mais elevada carga fiscal dos tempos da democracia, mas que não chega para as encomendas da saúde, das pensões de reforma, da segurança das pessoas e do património, e da economia, prometendo acudir a todos, e desculpando-se com o mau funcionamento das instituições e errados atos de natureza corporativa e pessoal, quando os resultados são medíocres. A seriedade e a gravidade salazarista perderam-se na névoa democrática, mas o vírus estatal resistiu. A concentração de poder e de recursos no Estado gerou uma cultura de corrupção: uma nova forma de obter as coisas, fugir aos pequenos ditadores originados pela burocracia estatal e os ideólogos do serviço estatal. Para contrabalançar, apostou-se nos pacotes da transparência que, a prazo, são apenas o reforço de uma sociedade de controlo, porque se perdeu a confiança nas instituições e nas pessoas.

 

O novo totalitarismo é a falsa promoção da igualdade e da proteção de todos a todo o custo para enganar o pagode, anulando os ideais, interesses individuais, corporativos e das comunidades, promovendo-se coletivismo capeado por democracia liberal. Críamos os novos detentores da verdade que nos querem impor um modo totalitário de ser e de viver, numa nova ordem dominada por extremistas acarinhados pela comunicação social e/ou por partidos calculistas e oportunistas que querem apenas manter ou condicionar o poder. O que se reerguerá depois da falência disto tudo?

 

Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências diretas e indiretas das políticas para todos os setores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.

maovisivel@gmail.com

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