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15 de Junho de 2016 às 16:34

Viver até aos 100 anos

De acordo com múltiplos especialistas, os nascidos nestes primeiros anos do século XXI vão ter uma esperança de vida de mais de 100 anos. Joël de Rosnay, o conhecido cientista francês, defende que já "está ao nosso alcance uma esperança de vida de 100 anos em boa saúde".

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Hoje, em muitos países europeus, a esperança de vida aumenta três meses em cada ano. Ou seja, quando envelhecemos um ano aproximamo-nos apenas nove meses da morte, tendo os outros três meses sido resgatados pela ciência.

 

Alguns, mais otimistas, apoiados na velocidade das descobertas nos campos da medicina, da genética, da biologia, das nanotecnologias e da inteligência artificial, defendem como Laurent Alexandre e outros do movimento transhumanista, que o primeiro homem a chegar aos 1.000 (mil) anos já nasceu.

 

Eis um dos maiores desafios da Humanidade: organizar a sociedade para pessoas com outra perspetiva do tempo, da doença, do trabalho em suma da vida.

 

Esta é uma grande alteração social que se está a desenrolar sob os nossos olhos e que os mais negativistas, demonstrando nada perceber do que se está a passar, apelidam de envelhecimento, ou ainda pior de Revolução Grisalha, procurando encontrar formas de a contrariar.

 

Todos os dias sabemos de pequenas, mas importantes, vitórias da ciência e da medicina contra a doença e contra a morte, vitórias que estão a alterar profundamente a sociedade. Trata-se de um processo irreversível.

 

Os passos habituais da vida humana nas sociedades mais desenvolvidas, com uma primeira etapa de escolaridade mais ou menos longa, seguida de um período ativo de 30 a 40 anos que desemboca na reforma, podem deixar de fazer sentido.

 

A Professora Gratton da London Business School defende que poderão surgir outras etapas e que uma vida longa poderá ser organizada de outra forma.

 

E que dizer da família quando em vez das habituais três gerações poderão coexistir quatro ou cinco gerações. Que laços unirão um tetravô ao seu tataraneto?

 

Em Portugal, infelizmente, a discussão não se foca nas oportunidades que esta alteração abre, mas sim na forma de a contrariar, sendo dominante a estreita e mesquinha visão dos profetas da desgraça centrada nos custos que esta nova etapa da evolução humana pode ter para a Segurança Social!! Como podem ser tão cegos?

 

Em 2015, a Google Ventures anunciou que ia investir 425 milhões de dólares em projetos e empresas que trabalhem na área da travagem do processo de envelhecimento. Bill Maris, o CEO, acredita que será possível estender a vida para os 500 anos. Que empresas portuguesas procuraram aproveitar estes fundos?

 

É um campo que fervilha de ideias, projetos, uma área entusiasmante. A corrida está aberta, procuram-se aplicações práticas que permitam travar o envelhecimento e prolongar a vida. Trata-se, sem dúvida, de um campo de grande crescimento nos próximos anos, um campo que, como o das tecnologias digitais, vai ser motor de crescimento.

 

Estarão os nossos empresários, como tem acontecido no passado, a dormir na forma e a deixar passar os comboios na fase em que ainda os podem apanhar? Não será preferível ser o Estado a investir?

 

Economista 

 

Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

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