Opinião
Gigantes da distribuição: uma gestão desastrosa
Por outro lado a não distribuição de máscaras, viseiras e/ou outras formas de proteção aos seus empregados coloca em risco de contágio clientes e colaboradores. Verdadeiramente inaceitável.
Os gigantes da distribuição, como a Jerónimo Martins e o Continente, têm agora uma procura largamente acrescida pelos serviços online. Um mercado novo, grande e inexplorado que se surgiu da noite para o dia. Uma grande oportunidade na linguagem de gestão.
No entanto, perante esta oportunidade, a sua incapacidade de resposta é gritante. Demonstram uma falta de flexibilidade imperdoável perante tamanha oportunidade. Mau augúrio para a sua possibilidade de sobrevivência no curto/médio prazo.
E se nas primeiras semanas conseguimos perceber as semanas de demora para a entrega dos mais simples pedidos, hoje já tal não se entende a não ser num quadro de falta de capacidade organizativa e de gestão.
Por outro lado a não distribuição de máscaras, viseiras e/ou outras formas de proteção aos seus empregados coloca em risco de contágio clientes e colaboradores. Verdadeiramente inaceitável. Recorde-se que um trabalhador em fase assintomática pode infetar muitos colegas e clientes. Não é por acaso que o Governo encerrou a maior parte dos estabelecimentos comerciais.
Não sendo capaz de entregar as encomendas online num prazo razoável estas empresas obrigam os clientes a fazer presencialmente as compras de bens essenciais, levando-os a correr um risco de morte desnecessário.
Em simultâneo com a dificuldade destas empresas encontrarem uma forma de fazer chegar em tempo aceitável as encomendas online, muitos condutores de Uber e taxistas encontram-se em situação desesperada por falta de clientes. Esta poderia ser, com um pouco de imaginação e flexibilidade de espirito, uma forma de fazer chegar muitos pedidos ao destino sem demoras infindáveis. E poderia ser uma forma de permitir respirar a todo um setor em crise.
Certamente encontrariam no Governo o parceiro aberto a, neste tempo de emergência, viabilizar uma solução temporária deste tipo.
Este desprezo pela vida de clientes e empregados pode ser muito rentável no curto prazo mas é, sem dúvida desumano, e feito à custa da saúde de todos e da morte de vários. A memória dos portugueses não é assim tão curta. Todos ainda recordamos a estratégia holandesa da Jerónimo Martins. Por minha parte qualquer concorrente que venha a entrar no nosso mercado terá sempre a minha preferência a estes gigantes adormecidos nos louros da falta de concorrência.
Economista