Opinião
As FinTech abrem caminho
Portugal preso num enorme imobilismo e falta de dinamismo dos seus principais empresários e gestores, está a deixar os outros aproveitar as oportunidades. Tão longe estamos do tempo em que o Banco 7, hoje redenominado, foi um dos primeiros bancos diretos no mundo.
As Fintech são empresas tecnológicas que, usando os telemóveis e outros meios digitais de comunicação, oferecem serviços financeiros aos seus clientes. Elas podem servir os clientes finais ou procurar nichos na cadeia de valor dos serviços financeiros – nomeadamente ao nível de seguros, pagamentos, gestão de ativos, transações bolsitas ou outras.
Na área de pagamentos estão a surgir diversas alternativas como a chinesa Allipay que está a registar um rápido crescimento e uma internacionalização galopante. Mas outras como a CreditEase está também a afirmar-se no mercado dos pequenos retalhista (restaurantes, mercearias, etc..).
Na Europa empresas como a Nivura, que acaba de levantar 20 milhões de dólares para investir em técnicas de bockchain, concorrem diretamente com os bancos ou procuram oferecer aos concorrentes já instalados serviços que os tornem mais competitivos.
A GoCardless procura agregar débitos diretos em toda a Europa, atuando no imenso mercado que representa 21% de todos os pagamentos de particulares que não são efetuados em dinheiro. A Capitalise compara todo o tipo de serviços financeiros para pequenas empresas desde produtos de trade finance a serviços de faturação, de empréstimos de curto a médio ou longo prazo, etc.. A Lunar Way oferece todo o tipo de contas, cartões, empréstimos, numa simples aplicação de telemóvel. E poderíamos continuar com os exemplos que pululam na internet.
Muito popular em certos mercados são conselheiros-robots desenhados para apoiar os investimentos dos clientes, sejam oferecendo comparações rápidas entre os vários produtos disponíveis para uma dada necessidade (por exemplo depósitos a prazo, cartões de crédito, etc..), seja para aconselhar que tipo de ações, obrigações ou outros ativos são mais vantajosos para investimento. Desta forma, porque o serviço prestado está fortemente automatizado, é possível oferecer serviços de aconselhamento especializado, antes reservados a clientes abastados, a clientes de classe média a um custo acessível.
Os empréstimos entre pares (peer-to-peer) do Funding Circle permitem às pequenas empresas obter empréstimos não de bancos mas diretamente de investidores disponíveis. O Atom Bank é o primeiro banco sem sucursais e que oferece os seus serviços exclusivamente sobre uma plataforma para smart phone.
As FinTech são uma excelente oportunidade de negócios e de internacionalização. As ofertas de capital destas empresas são movimentadas e os investidores acorrem em força. É o futuro a exigir o investimento no presente.
Portugal, contudo, preso num enorme imobilismo e falta de dinamismo dos seus principais empresários e gestores, está a deixar os outros aproveitar as oportunidades. Mais um sinal preocupante. Tão longe estamos do tempo em que o Banco 7, hoje redenominado, foi um dos primeiros bancos diretos no mundo.
Veja-se, em alternativa, a Lituânia, um país báltico, pequeno e pobre, que tem conseguido atrair um conjunto significativo de empresas britânicas desta área que estão em processo de criar uma presença na União Europeia para continuarem a aceder ao mercado europeu depois do Brexit.
PS – A propósito no meu artigo Sinais dos Tempos em que referia a saída do mercado português da American Express, mão amiga fez-me chegar a informação que embora a emissão de cartões Amex no nosso país tenha cessado, como também ocorreu noutros mercados europeus, o processamento de transações (acquiring) continua, pelo que os portadores de cartões Amex podem continuar a fazer pagamentos com eles em Portugal. Este importante negócio continua a ser assegurado pelo Millennium bcp.
Economista