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O jogo entre Macau e o Japão

Se em Macau já se discute a renovação das concessões de jogo, o Japão prepara-se para entrar num dos mercados mais rentáveis da Ásia. Cenas dos próximos capítulos.

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Em Macau todos os olhos estão virados para a questão do jogo. Não é por acaso. A concessão da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) termina a 31 de Março de 2020, mas a empresa já veio defender a extensão de dois anos para a operadora. Porque, argumenta, faria mais sentido lançar apenas um concurso público em 2022, quando terminam a maioria das concessões e concessões. A licença da MGM também termina em 2020. A questão tem muito a ver com decisões políticas. E, recorde-se, o segundo e último mandato de Chui Soi On como chefe do Executivo de Macau termina a 20 de Dezembro de 2019, três meses apenas antes do fim das primeiras concessões. Sabendo o peso que as receitas do jogo têm na economia de Macau, as decisões são delicadas. Isto enquanto se assiste por toda a Ásia a um alargar de oferta a nível do jogo legal.

 

Na semana passada os deputados japoneses aprovaram legislação (muito criticada no Japão), que permite a criação de "resorts" dedicados a jogo. Shinzo Abe e os operadores internacionais de casinos esperam muito desta permissão, que abre um dos últimos mercados tentadores do mundo. A lei permite os chamados "resorts" integrados, uma expressão que se destina a maquilhar um pouco a natureza destes complexos destinados primordialmente a jogo. Estes "resorts" autorizados prevêem a criação de casinos interligados com hotéis, entretenimento e outras áreas. Abe vê aqui um caminho para atrair necessário investimento estrangeiro.

 

As três primeiras licenças para casinos prevêem um imposto de 30% que será pago ao governo central e local. As áreas de jogo serão limitadas a 3% do total dos "resorts". A entrada será gratuita para turistas mas os nacionais terão de pagar 50 dólares, que apenas ali poderão ir ali três dias por semana e 10 vezes por mês. Os "resorts" integrados foram desenvolvidos pela primeira vez em Las Vegas, numa forma de atrair mas visitantes. Singapura utilizou esse método para fazer reanimar o seu sector turístico e a própria economia.

 

O seu sucesso atraiu a atenção dos legisladores japoneses. Os casinos, claro, são a maior fonte de receita destes complexos. Por exemplo, o Marina Bay Sands de Singapura, gera 70% das suas receitas do jogo do casino. No Japão, apesar da forte oposição, o leilão de licenças deverá ocorrer em 2020. E o primeiro resort integrado não deverá abrir antes de 2025.

 

Somália: a importância do Corno de África

 

É uma zona muitas vezes esquecida, mas a recente reconciliação entre a Etiópia e a Eritreia e o conflito nesse Estado falhado que é a Somália, fazem com que muitos olhos se voltem para ali. Muitas potências externas estão ali a tentar ganhar influência. Segundo um estudo do South African Institute for Security Studies, a Somália continua ameaçada pelo poder dos piratas e do grupo extremista al-Shabab. Mas, acrescenta, arrisca-se a ser um novo pólo de conflito entre algumas das potências do Médio Oriente.

 

A Somália está a tornar-se um outro campo de batalha entre o Qatar e os Emiratos Árabes Unidos, inimigos declarados desde que no ano passado Doha ficou sujeita a um boicote decretado pela Árábia Saudita, UAE e aliados. Agora estão a apoiar facções diferentes na Somália. O Qatar tem apoiado o governo da Somália com quase 400 milhões de dólares de ajuda, enquanto o seu aliado, a Turquia, abriu uma base militar no país. Em resposta os EAU estão a apoiar os secessionistas da chamada "Somalilândia".

 

Os conflitos no chamado Corno de África duram há cerca de 30 anos e têm criado vácuos políticos que têm contribuído para o surgimento de grupos radicais islâmicos, como o Al-Shabab. Já Djibouti está a virar-se para a China, que controla 91% da sua dívida, e tem hostilizado as empresas do Qatar. A China acabou por abrir em Djibouti a sua primeira base militar no estrangeiro. A situação é desconfortável para os EUA, que têm uma base a poucos quilómetros da chinesa, em Camp Lemmonier.

 

O Corno de África é um local estratégico para o comércio entre o Ocidente e o Oriente, passando por ali cerca de 4% do comércio internacional de petróleo. Diz-se que a Somália tem bastantes reservas petrolíferas especialmente na Somalilândia, e daí o investimento dos EAU. Entretanto a Etiópia começou as extracções de petróleo e terá enormes reservas de ouro, como Djibouti. O conflito promete prolongar-se.

 

Itália/China: compra de dívida

 

Giovanni Tria, o ministro das Finanças italiano, tem aparentemente um plano fácil para lidar com a enorme dívida do país. Essa ideia depende em parte da China comprar obrigações italianas, uma ideia que planeia "vender" na sua próxima visita à Ásia. Tria viveu na China e fala mandarim, mas a tarefa não se afigura fácil. A questão é que os possíveis investidores querem juros atractivos e também estabilidade nos preços e não muitas alterações legais e mesmo a possível saída do euro, que muitos membros da Liga e do M5E defendem como estratégia de futuro para a Itália, o que é uma ideia que causa muitos calafrios na Europa e nos mercados.

 

Líbia: não aos centros

 

O chefe do Governo de unidade nacional líbio (GNA), Fayez Al-Sarraj, avançou com uma recusa categórica de instalar na Líbia centros de acolhimento de migrantes como desejam os países da União Europeia. Numa entrevista ao jornal alemão "Bild", o líder líbio diz explicitamente que: "Não faremos nenhum acordo com a UE como tomar conta de migrantes ilegais em troca de dinheiro". Acrescentou mesmo: "Estou espantado que na Europa ninguém queira acolher estes migrantes mas que nos possam para ficar com centenas de milhares aqui". Marrocos, Tunísia e a Albânia já rejeitaram a possibilidade de criarem centros de acolhimento nos seus países.

 

Arábia Saudita: conselhos de Tony Blair

 

Segundo o "Sunday Telegraph", o antigo primeiro-ministro britânico Tony Blair está a "aconselhar" o governo da Arábia Saudita nas suas múltiplas estratégias. Em troca o seu Institute for Global Change receberá perto de 11,8 milhões de dólares. Blair terá acordado no início deste ano ajudar a implementar o "programa de modernização" do príncipe Mohammed bin Salman, que de facto dirige o reino.

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