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27 de Dezembro de 2012 às 00:01

A fava e o brinde

A mensagem de Natal de Pedro Passos Coelho foi um bolo-rei pobre: sem brindes e com favas escondidas. Feito de massa cheia de fermento e mal cozida. Com poucas frutas cristalizadas e amêndoas e nenhuns pinhões. Pareceu um vidente cansado: "estes anos difíceis irão passar, não tenhamos dúvidas".

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A mensagem de Natal de Pedro Passos Coelho foi um bolo-rei pobre: sem brindes e com favas escondidas. Feito de massa cheia de fermento e mal cozida. Com poucas frutas cristalizadas e amêndoas e nenhuns pinhões. Pareceu um vidente cansado: "estes anos difíceis irão passar, não tenhamos dúvidas". Se não pensasse nisso para que é que desejava ser primeiro-ministro? Foi uma conversa entediante sobre a austeridade sem fim e com um vago optimismo. Não admitiu culpas nem falhas que mais tarde possam ser absolvidas. Porque julga estar isento delas, um ano depois de ter chegado ao poder para cumprir com lealdade a missão que lhe foi conferida pela troika.

 

Num país a sério o primeiro-ministro interpreta os problemas e os cidadãos interpretam o primeiro-ministro. Neste, o primeiro-ministro distribui as favas pelos portugueses e guarda o brinde para si. É grave, porque este país cada vez mais pobre não pode esperar. O desequilíbrio da sociedade e da economia ameaça a sobrevivência dos portugueses e isso parece escapar à análise de Passos Coelho. Recupere-se os últimos dias: quer o Governo quer a UE ficaram muito "surpreendidos" porque o IVA caiu já que o consumo interno deu um trambolhão superior ao "esperado" e as vendas de automóveis caíram a pique, trazendo com isso menos receitas de impostos.

 

É fantástico que, com o aumento vertiginoso da carga fiscal (não é por acaso que só o IRS sobe), quer o Governo quer a UE não estivessem à espera de uma descida acentuada do consumo interno. Receita natalícia para isso: mais carga fiscal e menos gastos sociais. O discurso de Passos foi a da fava dura. Sem brilho. Sem luzes. Sem cores. Sem cultura. Um bolo-rei congelado.   

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