Opinião
A Invencível Armada nacional
Conta-se que, humilhado pelas adversidades, o comandante da chamada Invencível Armada, o duque de Medina Sidonia, que saiu de Lisboa em 1588 para tentar domesticar os britânicos, acabou por tentar justificar uma missão quase impossível.
Em sua defesa disse apenas que estava preparado para lutar contra os britânicos, mas não contra os temporais. A Invencível Armada passou a ser assim chamada, de forma sarcástica, porque foi vencida.
A classe política portuguesa não tem à sua disposição uma Invencível Armada, mas o resultado é o mesmo: está a ser humilhada pelas SMS e pelos "offshores" deste e do outro mundo. Enquanto se entretém, divertida nesta época de Carnaval, a acertar com alhos-porros nas cabeças uns dos outros, esquece-se de ver o essencial: tudo isto só os vai desprestigiando. Poucos saem bem destes filmes toscos. PS, PSD e CDS podem achar que as comissões de inquérito são versões indígenas do "La La Land". Não são. Pouco mais são do que recriações da série "The Walking Dead".
Todos estão a ficar chamuscados: Mário Centeno, António Domingues, Passos Coelho, Assunção Cristas, Paulo Núncio, Maria Luís Albuquerque, Vítor Gaspar e a corte de José Sócrates. Os seus telhados de vidro são imensos e por isso mesmo Assunção Cristas não pode elogiar Paulo Núncio pela sua "grande elevação de carácter" ao demitir-se.