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28 de Fevereiro de 2017 às 19:30

A Invencível Armada nacional

Conta-se que, humilhado pelas adversidades, o comandante da chamada Invencível Armada, o duque de Medina Sidonia, que saiu de Lisboa em 1588 para tentar domesticar os britânicos, acabou por tentar justificar uma missão quase impossível.

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Em sua defesa disse apenas que estava preparado para lutar contra os britânicos, mas não contra os temporais. A Invencível Armada passou a ser assim chamada, de forma sarcástica, porque foi vencida.

A classe política portuguesa não tem à sua disposição uma Invencível Armada, mas o resultado é o mesmo: está a ser humilhada pelas SMS e pelos "offshores" deste e do outro mundo. Enquanto se entretém, divertida nesta época de Carnaval, a acertar com alhos-porros nas cabeças uns dos outros, esquece-se de ver o essencial: tudo isto só os vai desprestigiando. Poucos saem bem destes filmes toscos. PS, PSD e CDS podem achar que as comissões de inquérito são versões indígenas do "La La Land". Não são. Pouco mais são do que recriações da série "The Walking Dead".

Todos estão a ficar chamuscados: Mário Centeno, António Domingues, Passos Coelho, Assunção Cristas, Paulo Núncio, Maria Luís Albuquerque, Vítor Gaspar e a corte de José Sócrates. Os seus telhados de vidro são imensos e por isso mesmo Assunção Cristas não pode elogiar Paulo Núncio pela sua "grande elevação de carácter" ao demitir-se.

Enquanto se tentava caçar os comuns portugueses com um Fisco cego que cometeu vergonhas absolutas, 10 mil milhões de euros voaram confortavelmente perante o olhar plácido dos governantes. E o PSD não pode dizer que nada tem que ver com isso. De Maria Luís Albuquerque esperava-se que fosse vocalista igual a tantas outras vezes. Tudo isto pode parecer uma questão de tricas de meninos rabinos, mas é muito mais do que isso. Enjoa os portugueses observar que o essencial (a preservação de uma CGD forte ou o combate transparente à fraude fiscal) é ofuscado por vários filmes de série Z, onde heróis e vilões só causam vontade de rir. É nestes momentos que se vê como a política portuguesa naufraga.

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