Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Opinião

A alquimia da dívida 

A descoberta da poção milagrosa que cure a dívida pública portuguesa já foi investigada por muitos cientistas de renome. Todos procuraram a solução, mas nenhum a conseguiu concretizar.

  • 5
  • ...

Diz-se que houve um dia em que foi mesmo chamado um alquimista da Floresta Negra capaz de transformar chumbo em ouro, mas não conseguiu o intento. Era impossível transformar a dívida portuguesa em excedente. Já se tentou liquidar a dívida, mas nem Moriarty, nem Freddy Krueger, nem Jack, o Estripador, tiveram sucesso na tarefa. Agora surgiu mais um grupo de sábios que desejam acabar com a colossal dívida que nos causa distensões musculares e dores nas costas. Além de uma enorme dor de cabeça à nossa classe política. Estes sábios vêm do PS e do BE e, segundo parece, trazem algumas soluções. Nenhuma surpreende. Por exemplo, dilatar os prazos é algo que já está a ser feito às escondidas. De resto, o que se pede, é um desejo. Mas como quem decide é quem nos empresta, não parece que estas ideias sejam compradas pelos credores.

 

Há uma solução proposta que parece digna de aposta num casino: fazer-se empréstimos à medida dos juros de mercado da altura, para poupar uns trocos. O que eliminaria qualquer certeza de escalonamento de pagamentos. É difícil ir por aí. Basta olhar para o século XIX: o aumento dos encargos da dívida (que surgiam como a primeira rubrica do orçamento das despesas) é uma constante. Nos últimos dois séculos foi sempre o dinheiro, e sobretudo a sua falta, que determinou a flutuação de regimes. Todas essas situações foram sempre ultrapassadas com soluções de recurso como foram os ciclos das especiarias, do ouro, do açúcar, das remessas de emigrantes ou dos fundos europeus. Esses fluxos não mudaram Portugal. Algum dia descobriremos a pólvora?

 

Grande repórter

Ver comentários
Mais artigos do Autor
Ver mais
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio