1. O banco BPI lançou uma campanha com Sara Sampaio, modelo portuguesa com o maior êxito internacional. Boa escolha, mas… Houston, we have problem! Nos anúncios de imprensa ela está de tal forma photoshopada que está quase irreconhecível. A profissão de Sampaio resulta de ser bonita. A campanha de imprensa do BPI destruiu a naturalidade da sua beleza e transformou-a numa mulher semelhante a tantas outras (photoshopadas) no já habitual mundo de fotos falsificadas da publicidade, cinema, revistas e jornais. Costumam dizer que é para "melhorar", tirar borbulhas, etc., mas muitas vezes acabam por desfigurar seres humanos, como fizeram aqui de Sara Sampaio uma mulher vulgar e semelhante a tantas outras desfiguradas.

Embora menos, também o modelo, apresentadora e actriz Diana Chaves aparece photoshopada num anúncio de Swiss Dental Services. O texto que acompanha o photoshop de Chaves faz um jogo de palavras: "A chave do sei sorriso juntou-se à equipa!" E chama-lhe "embaixador do sorriso", quando, em português ela deveria ser embaixadora.

2. Yamaha traz de volta, quase idêntico, um anúncio que aqui critiquei no artigo n.º 754. Escrevi então: "Razão, emoção… Como repetir esta ideia? Fará este desafio parte dos cursos de publicidade? Reencontramo-lo num anúncio da nova XMAX 125 de Yamaha. Os criativos foram ao dicionário de sinónimos e encontraram 'need' e 'desire' […]. Dividida ao meio, a imagem é dum lado diurna, mas totalmente cinzenta e o meio relógio em cima mostra que são 08h45, ainda a tempo de chegar ao execrável emprego; a necessidade é associada à porcaria do trabalho diário. A outra metade, a do desejo, está a negro, negro da noite do belo ócio. Em vez do relógio impessoal, eis um meio relógio de pulso, tau!, todo metalizado." A nova versão substituiu os relógios por novos símbolos: do lado do dia de trabalho, meia lâmpada; do lado da noite de ócio, um candelabro de cristal; e a mota, em vez de estar virada da direita para a esquerda, está agora ao contrário. Nada mal: antes dirigia-se do ócio para o trabalho, agora avança do trabalho em direcção à noite.

3. Fiat publicita a gama Tipo com este slogan: "HÁ UM TIPO PARA TODAS AS FAMÍLIAS." Hum… não deveria ser "há um tipo para cada família"? Porque só um para todas é capaz de ser complicado. Não cabem. E se há um para todas, qual é, dos três na imagem? Enfim. Devo ser eu que sou esquisito quanto ao rigor linguístico.

4. Acrescento. Que. Agora. Os. Publicitários. Também. Escrevem. Como. Muitos. Na. Internet. Os de BMW são especialistas nesta escrita pontuada, como neste anúncio de BMW Série 4 Gran Coupé: "Impressione-se. Todos os dias." Decerto acham que a prosa fica mais. Assertiva. Viril. Com. O. Ponto. Em. "Impressione-se."

5. Slogan dos vinhos Grão Vasco: "Grão a Grão reinventa-se o Dão." Li-o na beira da estrada. Sinceramente só percebi a relação lexical entre o "Grão a Grão" e o "Grão Vasco" quando, agora mesmo, procurei a campanha na Internet. O ditado "grão a grão enche a galinha o papo" tem tal força que quando li o "Grão a Grão" fiquei a pensar por que raio estava ali a referência aos grãos de milho ou de outro cereal. Ao perceber (obrigado, marketeers!) fiz um sorriso amarelo, porque não se refere a grãos, mas a cada um dos vinhos da marca. A coisa complica-se porque grão é semente e Grão quer dizer grande. Enfim, sou eu que sou burro.