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28 de Outubro de 2020 às 16:18

Três ideias para recuperar um ano perdido para o sector dos Seguros

Este é o momento para inovar, para arriscar e superar um ano de 2020 que devemos esquecer transformando-o numa excelente oportunidade para nos prepararmos para os desafios futuros.

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Chegamos ao último trimestre de 2020 e começam a ser conhecidos os primeiros sinais do impacto da pandemia na indústria seguradora em Portugal. De acordo com a ASF-Autoridade de Supervisão dos Seguros e Fundos de Pensões, as seguradoras portuguesas já prescindiram de cerca de 7,6 milhões de euros de receitas para cumprir o decreto lei designado por moratórias de seguros em resultado da resposta à pandemia de covid-19. A este facto acresce que mais de 390 mil empresas pediram a redução dos seus seguros devido ao encerramento ou à suspensão da atividade.

 

Estes primeiros números resultantes da primeira vaga da pandemia e sabendo que as moratórias serão prolongadas até 2021, permitem definir 2020 como um "Annus Horribilis" para as seguradoras em Portugal que neste momento estão com enormes desafios pela frente para manter os seus rácios de solvência.  Apesar disso, não tenho dúvidas que a maioria das empresas deste sector, de uma forma geral, concordaram com as medidas do Governo. Não era uma obrigação, mas sim um dever contribuir para a poupança dos portugueses quando eventos inesperados, como este acontecem.

 

Neste momento, mesmo não sabendo quando haverá luz ao fundo do túnel, a indústria seguradora deve aproveitar para se adaptar e preparar para o futuro pós-covid. Partilho por isso, três ideias que poderão ajudar a mitigar as perdas geradas com a pandemia:

 

1) Responder ao cibercrime: em janeiro deste ano, um relatório do Eurostat referia que só 10% das empresas portuguesas tinham seguro para ciberataques. Neste momento, o cenário agravou-se ainda mais. O teletrabalho é uma realidade que alterou o quotidiano da maioria da população. Trabalhar em casa estimula a necessidade de proteção contra possíveis ataques ao computador e, por isso é fundamental começar a aconselhar os clientes para soluções para este tipo de riscos.

 

2) Responder aos novos modos de transporte: o surgimento de novas formas de mobilidade é uma das "boas" heranças desta pandemia. A procura dos portuguesas por este "velho" modo de transporte aumentou em 500% nos últimos 6 meses. Nos próximos 5 anos iremos assistir a uma mudança drástica na paisagem urbana das nossas cidades onde as trotinetes, as bicicletas e outros veículos elétricos irão ocupar o espaço que antes era apenas destinado ao automóvel. As seguradoras devem por isso começar a pensar nesta nova realidade para mitigar as possíveis perdas com os prémios do seguro automóvel que vão ocorrer na próxima década.

 

3) Responder ao crescimento da economia colaborativa: o teletrabalho e negócios como a Glovo ou a Uber Eats estão a acelerar o crescimento da economia freelancer no país. Este fenómeno vai trazer vazios ao nível da proteção social que possivelmente as seguradoras poderão e deverão colmatar, adaptando os seus produtos não só às necessidades como aos hábitos de consumo desta nova economia. Nos próximos meses, iremos assistir à criação de micro-seguros on-demand, de preço e benefício fixo, como despesas para hospitais, desemprego e benefícios de invalidez ou isolamento de curto prazo, que são vendidos e atendidos em tempo real e diretamente por meio de dispositivos inteligentes à distância de um clique.

 

Ideias criativas é o que não faltam por aí, mas neste momento há uma certeza: este é o momento para inovar, para arriscar e superar um ano de 2020 que devemos esquecer transformando-o numa excelente oportunidade para nos prepararmos para os desafios futuros.

 

Co-fundador da Certezza

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