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22 de Fevereiro de 2013 às 10:29

O futuro do relvismo

Mais uma vez, a TVI deu que falar. Não, não foi por causa da Gala dos 20 anos (queremos todos esquecer isso), foi por causa de uma conferência, denominada "Como vai ser o Jornalismo nos próximos 20 anos?"

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Mais uma vez, a TVI deu que falar. Não, não foi por causa da Gala dos 20 anos (queremos todos esquecer isso), foi por causa de uma conferência, denominada "Como vai ser o Jornalismo nos próximos 20 anos?", e acabou por ser muito actual. Já conhecem a história. Quando o ministro Relvas ia para discursar, foi interrompido por protestos e ficámos sem saber o que teria para dizer. Uma chatice. Depois da confusão, José Alberto Carvalho apareceu a dizer que estava indignado e que aquela manifestação era um ataque ao jornalismo. Esteve muito bem, só estaria melhor se também tivesse ficado um bocadinho indignado com o convite feito a Relvas para encerrar, numa universidade, uma conferência sobre jornalismo. Parecendo que não, pôr um ministro que fabricou um curso a falar para alunos da universidade (e convidar quem quis silenciar jornalistas para falar sobre jornalismo) faz tanto sentido como convidar o Goebbels para o Bar Mitzvá do mais novo.


A conferência era sobre o futuro do jornalismo (excepto para o Miguel Sousa Tavares, que ficou nos tempos dos irmãos Lumière) e eu fiquei preocupado com o futuro do jornalismo quando vi que um jornalista com a tarimba do José Alberto Carvalho não tinha sido capaz de antecipar que aquele convite ia dar notícia. É sabido que o bom jornalista antecipa. Vê a notícia antes dela acontecer. Fiquei mais preocupado quando vi uma jornalista da TVI24 dizer: "Nada fazia adivinhar tamanho protesto a Miguel Relvas" - é isso e o frio no Carnaval de Torres: ninguém esperava. Portanto, das duas, uma: ou os jornalistas da TVI são as pessoas mais mal informadas sobre o que se passa no país, de todo o país, ou preparam a coisa, bem preparada, para ter um exclusivo com um escândalo em directo no seu canal. Aquilo foi uma espécie de Casa dos Segredos, com Relvas a fazer de loira burra. Foi uma bela ideia que a TVI teve. Para encerramento, Relvas é uma boa alternativa aos foguetes.


Quanto ao ministro Relvas, percebemos, agora, porque ele nunca quis ir à Universidade. Relvas saiu do ISCTE com uma ideia de como será o meio-fundo daqui por 20 anos. Deu à sola. Pirou-se. Fugiu a cavalo numa lasanha - para ser moderno. Foi demasiado para ele. Desta vez, nem cantar conseguiu. Não há especialista em folclore que aguente. Neste momento, Relvas é "persona non grata" até em casa. O ministro também devia estar no Guinness, ele surfa vaias de 30 metros. Relvas vai ter de ir passar a lua-de-mel para Grândola, para tentar ficar imune.

 

Depois da fuga de Relvas, vi o primeiro-ministro, e políticos de outros partidos, muito incomodados com a situação. Sentem que o povo está a tentar aplicar uma "asfixia democrática" ao Governo. Acham que é muito feio e que há cidadãos mal comportados que fazem barulho e interrompem pessoas, mais velhas, para cantar e dizer coisas. Não admira que haja mais de quarenta e tal por cento de desemprego jovem: estas pessoas são malcriadas. Gritam coisas quando estão desesperadas. Uma violência atroz. Silenciaram o ministro da Propaganda.

 

Vamos fazer como aconselha São Francisco de Assis. Esqueçam os empregos e a revolta. Vamos todos dar as mãos e cantar - canta, amigo, canta - peço aos estudantes, que já não têm dinheiro para pagar as propinas, que vão comprar os "marshmallow", que eu vou buscar a viola.

 

Não saiam da bolha, não.

 

 

 

 

Venham mais cinco

1. Espero que o Relvas tenha posto - muita vergonha - na lista de casamento.

2. Metade dos britânicos quer sair da União Europeia - a outra metade quer invadi-la.

3. "Militares agitam-se" - a música mexe com as pessoas.

4. Maioria PSD/CDS chumba audição de Sérgio Monteiro sobre acidentes ferroviários - mau Maria, estão a silenciar o secretário de Estado.

5. O PP cita Augusto Santos Silva - a cobra come a cauda. E Montenegro prefere o Grândola Vila esquálida.

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