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O potencial do 5G no ecossistema da saúde

O cenário de pandemia covid-19 que estamos a viver veio trazer ao setor da saúde uma mudança de paradigma na transformação digital e, como tal, a implementação poderá ser acelerada pelo facto de se esperar uma aceitação mais rápida das aplicações do 5G pelos pacientes, dispositivos médicos, wearables ou telemedicina.

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Globalmente, os dispositivos conectados estão a mudar a forma como vivemos e como trabalhamos. As redes de comunicação, que interligam os dispositivos e que permitem que falem entre si, são parte integrante desta evolução. A tecnologia subjacente ao 5G marca uma ruptura com o passado, sobretudo, na reconceptualização da gestão de uma rede de comunicações.

De acordo com o Fórum Económico Mundial1 , a tecnologia 5G será crítica ao permitir níveis sem precedentes de conectividade, actualizando as redes 4G com cinco principais vantagens funcionais: banda larga super-rápida, comunicação ultraconfiável de baixa latência, comunicação massiva do tipo máquina, elevada disponibilidade e uso eficiente de energia.

Em Portugal, o 5G tem sido debatido, sobretudo sobre planos de lançamento e decisões locais, no entanto, o potencial desta tecnologia trará também grandes mudanças, para todos os sectores, nomeadamente para o ecossistema da saúde.

À medida que a utilização generalizada das tecnologias digitais na saúde aumenta, crescem as suas possibilidades de aplicação, impulsionadas, entre outros, por avanços na robótica, internet das coisas (IoT) e inteligência artificial, num ecossistema de saúde cada vez mais conectado entre o paciente e os cuidadores da saúde (sejam eles públicos ou privados).

O aumento exponencial de dados e informação produzida tem obrigado à adaptação das estratégias digitais. Por outro lado, e devido à inerência da sua actividade, os dados e a informação são muito sensíveis e, nesse contexto, aspectos como a segurança e privacidade dos dados ou a necessidade de ter uma estratégia de cibersegurança robusta e eficaz para redes 5G, serão críticos. Adicionalmente, o 5G vai trazer mais desafios do ponto de vista da requalificação de competências e da alteração de processos clínicos por via da tecnologia. Com a adopção do 5G, as equipas clínicas terão de necessariamente de atender à multidisciplinaridade, dotando-as de competências do mundo digital, da conexão e dos dados.

Todo este ecossistema emergente irá alinhar-se com uma ideia, relativamente recente, conhecida como a medicina 4P, mais preditiva, preventiva, personalizada e participativa.

Os benefícios do 5G deverão assim ser sentidos, de diferentes formas por cada um dos principais participantes na cadeia de valor da saúde: prestadores de cuidados de saúde, seguradoras e farmacêuticas. Globalmente, as redes 5G prometem grandes melhorias na eficiência e nos resultados positivos que, em última análise, chegam aos pacientes.

O 5G pode, de facto, ajudar a transformar o setor da saúde, permitindo maior fiabilidade, velocidade e escala de rede, promovendo, de forma significativa, o avanço da medicina, o serviço ao paciente, os tratamentos e os programas de bem-estar. Globalmente, a mensagem é clara. Ao combinar o 5G com outras tecnologias de ponta, podemos gerar oportunidades a vários níveis, enquanto catalisamos o surgimento de um novo ecossistema de saúde, aquele que será mais conectado, inteligente e eficiente no uso de recursos.

Mesmo sabendo que a implementação generalizada do 5G estava programada apenas para 2025 em muitos dos mercados desenvolvidos, o cenário de pandemia covid-19 que estamos a viver veio trazer ao setor da saúde uma mudança de paradigma na transformação digital e, como tal, a implementação poderá ser acelerada pelo facto de se esperar uma aceitação mais rápida das aplicações do 5G pelos pacientes, dispositivos médicos, wearables ou telemedicina.

Sabemos que existem ainda alguns obstáculos a serem superados, sejam eles institucionais, técnicos, culturais ou tecnológicos, antes de as redes 5G se poderem tornar comuns nas várias área do ecossistema da saúde. O sucesso das aplicações, potenciadas pelo 5G, dependerá da tomada em consideração daquilo que os pacientes mais precisem e desejem pois, na verdade, a tendência crescente é que sejam os pacientes um dos grandes actores da tomada de decisão sobre a sua própria saúde e bem-estar. 

(1)http://www3.wefrum.org/docs/WEF_The _Impact_of_5G_Report.pdf, Janeiro 2020

Artigo em conformidade com o antigo Acordo Ortográfico

 

 

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