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Opinião
19 de Junho de 2014 às 20:20

Maldito mundial

Era forçoso fazer uma crónica sobre o mundial de futebol – e urgente, se ainda quiser ir a tempo de abordar a temática da participação da nossa selecção – mas a vontade é muito pouca.

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Comecemos por um esclarecimento: eu acho errado misturar política e desporto. Já disse ao meu filho que, mesmo que ganhemos ao FMI no domingo, não ficamos melhor do que estávamos. Mas a verdade é que, para mim, a nossa participação, no que valia a pena, acabou na passada segunda-feira. Não é uma taça com 6,17 quilos em ouro que me vai fazer esquecer os noventa quilos da Merkel a rir. A não ser que os defrontemos outra vez. Mas, se me derem a escolher, prefiro fazê-lo quando eles voltarem a ser "uma de Leste e outra de cá". Foi muito penoso ver a alegria da Merkel. Uma coisa é ela rir-se de nós, outra é nós darmos-lhe alegrias. São duas coisas muito diferentes, e eu detesto a segunda. No Tratado Orçamental, devia vir uma cláusula que impedisse os líderes dos países do Euro de festejar golos acima dos 2-0. Há níveis de felicidade que deviam ser passíveis de multa. Não é justo ser-se bom nos números e no desporto. Ou se é choninhas ou evoluído muscularmente. Não é justo ter-se tudo. Se nem com o melhor do mundo lhes fazemos frente, e somos esmagados, esqueçam isso de trocar o Seguro pelo Costa, que é andar a perder tempo. A nossa Selecção foi um Hollande de chuteiras.

Foi uma segunda-feira dramática em termos socais. A expulsão do Pepe foi péssima porque favoreceu os que têm um discurso contra os imigrantes brasileiros; caramba, que o Marinho e Pinto anda mesmo em maré de sorte. E mesmo em termos civilizacionais, custa muito perder para o Joachim Low, o seleccionador alemão. Ainda falam dos portugueses, mas está o Joachim, todo bem vestido, sentado no banco, e depois trata de chafurdar na nariga como se estivesse à procura de água no deserto. É horrível! E é daqueles que antes de comer olha para eles. Parece que está a avaliá-los como se faz a um lavagante antes de o comermos. Olha para os berlindes nasais e avalia-lhes o peso antes de os trincar. O cromo da panini do Joaquim Low nem traz cola, tem um burri… já chega, eu sei, é demasiado escatológico mesmo para um jornal que tem notícias sobre a situação do BES. Mas anda uma pessoa a levar ensinamentos diários de alemães que nem faca e garfo usam para comer alcagoitas do nariz. Eu, agora, sempre que oiço o hino da Alemanha, vomito.

Tem sido um mundial horrível. É como se nós, os países do sul, tivéssemos andado a viver futebolisticamente acima das nossas possibilidades. A selecção espanhola exibiu-se a níveis de antes da entrada para a União Europeia. Nós sofremos a maior derrota de sempre nas participações em fases finais. Só agora é que os norte-coreanos se sentiram vingados de 66; até têm esperança que a seguir venha a luz eléctrica.

TOP 5 Underdogs

 

1. "Juíza dá dez dias a Gonçalo Amaral para arranjar novo advogado e julgamento é adiado" - Polícia inglesa faz buscas na Aldeia da Luz para encontrar um advogado para Gonçalo Amaral.

 

2. TC recusa aclaração pedida pelo Governo - a resposta do TC foi: que fique claro que não aclaramos. Pareço eu, quando digo aos meus filhos que o TPC é para eles fazerem sozinhos. A ministra da Justiça já disse que, ao menos, cumpriu-se a lei.

 

3. "Portugal queixa-se da arbitragem e de um dia mau para justificar derrota por 4-0 com a Alemanha" - Lei de Murphy, teoria do caos e alinhamento de planetas desfavorável. É por aqui que andamos para justificar jogar népia. Não sejam tão supersticiosos, lembrem-se que Saltillo também começou num domingo.

 

4. Mário Soares: "Seguro pode querer ser primeiro--ministro, mas não vai ser com certeza" - A maldição de Béla Guttman, comparada com isto, é peanuts.

 

5. Tribunal Constitucional diz que o Governo retirou ilações indevidas - "ilações indevidas"?! O Governo sabe lá o que isso quer dizer! Só complicam.

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