Assisti com alguma curiosidade aos dois debates (TVI e SIC) Costa-Seguro, para as primárias do PS. Confesso que me motivava, um pouco, aquilo que motiva os que param na auto-estrada para assistir a um acidente. Tenho que começar por fazer uma declaração de intenções: não aprecio Costa e Seguro faz-me urticária na alma.

O maior problema de todo este imbróglio das primárias é o "isso fica-te mal". Costa está demasiado preocupado com o que lhe fica mal, Seguro está demasiado ocupado a apontar o que fica mal a Costa. Seguro, serve-se da moral, que não tem, para condicionar Costa, que a vai perdendo.

Costa tem politicamente correcto nas plaquetas, e não tem coragem de dizer que Seguro é um 'choninhas' infantil que ninguém tem paciência para aturar. Seguro comporta-se na política como o filho único que tem o primo em casa a mexer-lhe na playstation. Seguro até podia inventar a cura do ébola, e da fome do mundo, que as pessoas continuavam a não gostar dele. É claro que , Seguro nunca descobriria a cura da cefaleia, mas isto é só um exagero.

No primeiro embate, Seguro entrou a matar. Depois das acusações de deslealdade, traição e violação, pensei que Tozé, no segundo debate, ia começar de maneira diferente, com um: "estacionaste no meu lugar, malandro! E era um lugar para deficientes, velhaco!"

A verdade é que, na estreia, Seguro só abordou temas da esfera pessoal, por isso devia ter tirado o casaco como lhe disse o responsável pela imagem. Esfera pessoal/sem casaco. Discurso político/de casaco. São coisas que a malta das agências de comunicação inventa, para ganhar tempo enquanto não têm uma ideia de jeito para a campanha. Aliás, eu gostava de fazer um colchão de silvas a quem lhe disse que fazer argolas com o polegar e o indicador transmite segurança.

No frente a frente inicial, Costa apareceu com uma postura, que eu pensei que ele já não ia ao debate da SIC, do dia seguinte, e que ia mandar o Fernando Medina no lugar dele. António Costa foi para o debate como o Dias Ferreira costumava ir para o Dia Seguinte comentar os jogos de domingo: "Tive um baptizado, não vi os jogos. Estou com um bocado de sono". O presidente da Câmara de Lisboa foi para ali com a postura "deixa lá ver o que é que aquele 'moinas' quer". Costa, habituado ao clube de Pacheco Pereira, e Lobo Xavier, já não sabia o que era jogar no pelado. Levou três entradas do Petit TóZé e andou a recuperar o resto do tempo, a ver se se lembrava como se jogava àquilo.

No segundo debate, do dia seguinte, e o último que vi, tirando a parte da "fisioterapia", Costa massacrou Seguro. António veio de caneleiras - e provavelmente de directa, porque trazia a mesma roupa -, e arriscou deitar cá para fora um pouco do que lhe vai na alma. Se há boa definição para quem tem que ouvir o Seguro é a expressão "evangélica paciência". O problema, António, é que ter evangélica paciência numa altura destas, é o equivalente a fazer uma abstenção violenta ou anulares-te durante uma semanas. O António Costa deve saber bem que marcar golos sem sujar os calções foi só para o Néné.

1. 1. Nota: O autor escreveu esta crónica segundo o antigo acordo ortográfico e a estafada comparação futebolístico/política.

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TOP 5
Fica-te mal

1 Cavaco diz que espera que o governo lhe transmita as informações certas pela via institucional - Ou seja, sem ser mandando recados pela TV como ele acabou de fazer. O não estar avisado serve mal a quem tem por lema eu bem vos avisei.

2 "Instituto do Emprego manda mulheres para uma empresa que as despediu e não lhes pagou" - E dá-lhes os paus com pregos e os bastões? É importante saber isso.

3 Portugal entre os países europeus com menos feriados - Bem que eu me sentia cansado.

4 Moedas com a pasta da Inovação e Ciência - Governo congratula-se com a escolha e Citius vai enviar mail de parabéns ao novo comissário para a inovação, assim que estiver a funcionar.

5 Passos: "nenhuma informação relevante foi ocultada ao PR" - Era só ligar na Sic e ver o Marques Mendes.