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02 de Janeiro de 2017 às 09:15

Hosanna! Sursum corda! Viva Pangloss!

O ano de 2017 pode ser visto de duas maneiras opostas.

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Vamos à primeira, que é a visão pessimista


Riscos de expansão muito forte de partidos populistas de direita e de esquerda nas eleições na Alemanha, França, Itália, Holanda; riscos de crise económica no Reino Unido e problemas entre as partes "unidas" do Reino; aliança Putin/Trump/Erdogan a apertar a Europa como uma tenaz; conflitos no mar da China que coloquem em crise Taiwan, Japão e também a Coreia do Sul; guerra comercial  dos EUA com a China;  entrada de mais refugiados pela Alemanha a dentro, pois Erdogan resolveu abrir a torneira que controla o dique que ele foi pago para fazer; alastramento de atentados de "lobos solitários" do ISIS na Europa, crise com a Rússia nos países bálticos, Ucrânia e até Polónia; subida do preço de petróleo e das taxas de juro na Europa, retração do investimento, queda do PIB devido crescimento negativo das economias, aumento do desemprego no 1º  Mundo e conflitos sociais acentuados.

Bem se compreende que o estimado leitor – se ainda não se constipou com estes duches sucessivos de água fria e a ferver – queira acreditar na visão otimista e tenha medo de que se realize a visão pessimista. Que Deus nos proteja, que nós não temos para isso muito jeito.

José Miguel Júdice

A nível nacional, crise da geringonça por recusa do PS em ceder à pressão crescente do BE e do PCP; aumento da inflação, das taxas de juros e do défice externo por causa da subida do preço do petróleo; redução das exportações para a Europa, redução dos financiamentos do BCE aos bancos portugueses e através deles ao Estado e à economia; queda para lixo do rating do DBRS e com isso novo programa de ajustamento e regresso da troika. Aumento das falências, atentado do ISIS em Lisboa, e com isso queda drástica do turismo, aumento do desemprego, degradação das contas públicas e aumento da criminalidade e da conflitualidade social.

A visão oposta é otimista

Paz na Síria e regresso dos refugiados aos seus países, derrota dos populismos nas eleições europeias, soft Brexit, aumento do investimento e do emprego na Europa, Trump tem uma epifania de bom senso e de cabelo ao vento resolve os problemas do Médio Oriente, contém a Rússia, liberaliza a Turquia, faz crescer a economia americana que arrasta a Europa, faz um novo acordo comercial com a China, o sistema bancário europeu melhora e começa a emprestar a sério à economia.

E, a nível nacional, a geringonça reforça-se, as autárquicas são ligeiramente ganhas pelo PS, Passos Coelho mantém-se, o turismo continua a crescer, Angola volta a poder importar bens de Portugal e a ter divisas para transferir pagamentos e lucros, o investimento produtivo cresce, o emprego aumenta, o défice reduz-se, a inflação aumenta um pouco mas está controlada, as exportações crescem assim como o consumo privado, o BCE e a EU aceitam reduzir a dívida portuguesa sem que os credores se zanguem, o Estado injeta dinheiro na economia por investimento público.

Bem se compreende que o estimado leitor - se ainda não se constipou com estes duches sucessivos de água fria e a ferver – queira acreditar na visão otimista e tenha medo de que se realize a visão pessimista.

Mas esperem um pouco, que eu ainda não acabei. Depois há António Costa, e a dar-lhe uma luz cheia de afetos o Presidente da República. E não é que o otimismo mais otimista se revela modesto em relação ao que aí vem? Pois não é evidente que o Santo Padre Costa vai fazer os milagres necessários de que o Papa Francisco se tenha esquecido em maio?

Ou seja, e em conclusão: Hosanna! Sursum corda! Viva Pangloss! E que Deus nos proteja, que nós não temos para isso muito jeito.

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