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Exportar para desenvolver

O crescimento das exportações prova que a economia portuguesa assenta mais na competitividade das empresas e na sua orientação para o exterior.

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A sua continuação é essencial para o desenvolvimento económico e o bem-estar dos portugueses, pelo que se devem evitar políticas que incentivem as empresas a reorientarem-se para o mercado doméstico.

 

A evolução recente das exportações portuguesas foi notável: as exportações subiram, em apenas quatro anos, de 29 para 41% do PIB, tendo Portugal estado, desde 2010, sempre entre os países da UE em que mais cresceram.

 

Neste período, as exportações tiveram um impacto positivo de 7,1 p.p. no crescimento, o que certamente surpreende os que são induzidos em erro pela publicação trimestral, pelo INE, do contributo da procura externa líquida.

 

As exportações cresceram 30% até ao início de 2015, evolução comum aos serviços (37%) e bens (29%), observando-se uma maior diversificação para países fora da Zona Euro (44% do total em 2014) e da UE28 (30%).

 

A generalidade dos sectores registou um forte crescimento, que levou ao ganho de quotas de mercado: agro-alimentar (38%); energético (71%); químico (37%); têxtil (25%); calçado (36%); vestuário (21%); máquinas (24%); minérios e metais (25%); automóvel (16%); turismo (37%); transportes (31%); propriedade intelectual (83%), informática (46%); serviços financeiros (38%).

 

A balança comercial é positiva desde 2012, sendo 2015 o 4º ano seguido de excedente, o que nunca aconteceu na História do Portugal democrático. Nos últimos 100 anos, só foi positiva durante a II Guerra Mundial e em 1951. As remessas de emigrantes não foram necessárias para financiar o défice comercial, sendo o saldo das relações externas (balança corrente e de capital) positivo desde 2012.

 

O número de empresas exportadoras aumentou consistentemente. Em 2013, de acordo com os dados da Informação Empresarial Simplificada, havia 49 mil, mais 13% do que em 2010. Destas, 40 mil exportam regularmente, o que é significativo num total de 280 mil empresas.

 

Entre 2011 e 2013, o número de empresas que não tinham exportado no ano anterior foi, em média, de 10 mil. E, entre 2010 e 2014, o número médio de empresas que foram criadas e exportaram logo no próprio ano foi de 2 mil (6,4% das novas empresas).

 

Mas esta evolução não é suficiente. Portugal é apenas o 22º país da UE, apresentando as pequenas economias um peso das exportações no PIB superior a 50% e, em casos como Holanda, Bélgica ou República Checa, superior a 80%. O país dos "Descobrimentos" exporta menos do que países historicamente mais fechados.

 

O aumento das exportações é decisivo porque quanto maior o seu peso no PIB maior o seu contributo para o crescimento, a forma de garantir que o desenvolvimento de Portugal, e o bem-estar dos portugueses, alcance o do centro da Europa.

 

O crescimento económico deve assentar em dois eixos: um maior contributo da procura externa que complemente e reduza a dependência de uma procura interna, de dimensão limitada, e, por isso, perpetuador do menor desenvolvimento.

 

Todos os estudos mostram que as empresas exportadoras pagam melhores salários a trabalhadores mais qualificados, têm emprego sustentável, introduzem mais inovações nos seus produtos e processos, estão mais bem capitalizadas, são mais produtivas e são mais competitivas.

 

As empresas exportadoras empregam mais de 1 milhão de trabalhadores, 23% do emprego total. O aumento do número de empresas exportadoras significa, além do efeito directo no crescimento, empregos sustentáveis e maior potencial de criação de riqueza.

 

O crescimento das exportações permite que o aumento das importações não coloque em risco o acesso da economia a financiamento externo e possibilita que os portugueses adquiram mais bens no exterior e viajem mais, como é normal em sociedades abertas e desenvolvidas.

 

Por estes motivos, as políticas públicas devem incentivar as exportações e não se focar apenas na procura interna, devendo abranger também o sector não exportador e o Estado, que fornecem, e condicionam, a capacidade competitiva das empresas expostas à concorrência externa.

 

O caminho para o desenvolvimento passa por maior abertura económica e por mais exportações, permitindo afirmar progressivamente o papel de Portugal dentro do sistema económico mundial e, por esta via, proporcionando maior nível de vida aos portugueses.

 

Director do Gabinete de Estudos do Ministério da Economia

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