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23 de Dezembro de 2015 às 11:28

Entrevista com Deus - balanço de 2015

Eu não festejo o Natal. O Natal é uma festa do consumismo. Uma espécie de sonho húmido do ministro Centeno. Eu só festejo a austeridade. Mas festejo em grande.

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Negócios: Em tempo de balanços, pareceu-nos correcto entrevistar a mão que embala o berço da humanidade. Connosco, para fazermos um resumo de 2015, temos, Deus.

Olá, Deus. Obrigado por estar aqui hoje, quando, provavelmente, preferia estar a fazer as compras de Natal.

Deus: Eu não festejo o Natal. O Natal é uma festa do consumismo. Uma espécie de sonho húmido do ministro Centeno. Eu só festejo a austeridade. Mas festejo em grande.

Negócios: Deus é neoliberal?

Deus: Deus me livre. Os neoliberais são péssimos na cama. Eu gosto da austeridade porque aprecio sacrifícios. Já lá vai o tempo em que os Deuses eram presenteados  com sacríficos de virgens , virgens, virgens,  etc. Agora, ninguém é capaz de fazer um sacrifício aqui ao Deus. São capazes de fazer sacrifícios para não engordar, mas para quem os fez gordos não há nada.

Negócios:  Se lhe pedíssemos para eleger uma figura do ano...

Deus: Tinham que ir para uma fila. O que não faltam são pessoas a pedir-me para fazer tops. O melhor de 2015 fica comigo, o pior é com o Diabo. Mas , como hoje é dia do nascimento da minha mais nova, vou abrir uma excepção. Para mim, a pessoa feita por mim do ano é... Carlos Costa, governador do banco de Portugal.

Negócios:  Jura? 

Deus: Eu gosto de coisas pequeninas. Podia escolher o Putin, a Merkel ou o Renato Sanchez. Mas eu sou fascinado pelo Carlos Costa. Só não o levo para junto de mim porque gosto da postura dele na Terra. O homem  é um enigma, e eu adoro enigmas feitos por mim.

Negócios: Um enigma?           

Deus: Sim. Carlos Costa ou é diabólico ou é o maior anjinho que já vi, e eu sou especialista.

Negócios: Como viu as eleições no nosso país. Acha que Costa fez batota?

Deus: Eu não quero mistura com políticos. Sou um bocado como deputado do PAN.   Estou lá, mas é como se não estivesse. Confesso que sei o que se passa na vossa Assembleia da República mas, não é por querer, é porque a Heloísa Apolónia fala muito alto.

Negócios: Mas há pessoas mais sensíveis que dizem que ele quebrou uma tradição e não tinham prometido...

Deus: Vocês têm cá uma lata. E as coisas que vocês me prometem e depois népia?!  – ai se a minha mulher não me apanhar desta,  eu prometo-te, Deus,  que nunca mais me visto de campino e me deito com a professora de equitação da minha mais nova . Se me curares desta ressaca, Meu Deus, prometo que nunca mais bebo bagaço pela bota da professora de equitação da minha mais nova. Se...

Negócios: Já percebi. Ela agora já está na esgrima não vale a pena estarmos aqui a remexer no passado numa entrevista sobre 2015.

Deus: Eu estive para impedir a aliança de esquerda em Portugal. Não fosse o discurso de vitória do Marco António Costa e agora o PàF era Governo. Mas aquilo irritou-me. Ai, já ganhámos  e vamos ser Governo –  não é assim.

Negócios: O futuro a Deus pertence.

Deus: Não é isso. Detesto gente que maltrata a Matemática. O meu filho era péssimo. Porque é que acha que o enviei à Terra?

Negócios:  Para nos salvar a todos?

Deus: Não. Foi castigo por causa das notas a Matemática. É inadmissível que escrevam, sobre o filho de um Deus perfeito:  "Jesus Cristo que não sabia nada de finanças".  O  meu filho só era bom com parábolas.

A Matemática é a mãe do Universo. Andámos uns anos, mas ela fugiu com um sociólogo. Por isso é que eu enviei o Crato à Terra:  para que todas as crianças do quarto ano soubessem cálculo integral e brincassem com integrais no recreio. 

Negócios: Houve alguma coisa que tenha feito em 2015 de que se tenha arrependido?

Deus: Nem por isso. Até porque se eu quiser volto com o tempo atrás e faço outra vez. Mas talvez tenha estado pouco atento ao drama dos refugiados. Confiei na Europa. Não se pode. Para o ano estou a pensar  fazer uma guerra mundial para ver se voltam a recuperar os grandes princípios e ideais europeus. É matemático.

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