Opinião
Da bola de futebol ao cartão de crédito, como garantimos a segurança?
Teoricamente, a tecnologia da bola usada no Mundial da Rússia permite saber a que velocidade circula a bola, quantos quilómetros percorreu durante um jogo, ou a força dos impactos de cada remate.
A bola do Mundial 2018, desenvolvida pela Adidas, é uma bola tecnológica, com um chip integrado e tecnologia NFC (near-field communication). A tecnologia é a mesma que é utilizada nos cartões bancários "contactless", que dá primazia à experiência e facilidade de utilização, permitindo a troca de dados pela proximidade ou toque entre os equipamentos.
Teoricamente, a tecnologia da bola usada no Mundial da Rússia permite saber a que velocidade circula a bola, quantos quilómetros percorreu durante um jogo, ou a força dos impactos de cada remate, informação que poderá ser útil a treinadores, comentadores e um dia, talvez, aos árbitros, a exemplo do que acontece com o VAR e o Hawk-Eye.
A tecnologia usada, designada de NFC, para a recolha de dados, obriga a que haja proximidade entre o chip (na bola) e o equipamento, telemóvel ou tablet com NFC (fora do campo). A solução é igual à que é utilizada pelos cartões bancários, de crédito e débito, "contactless", e os problemas de segurança são os mesmos: basta um equipamento próximo para que um terceiro possa interferir com o cartão, ou com a bola, adulterar os dados, ou roubar informação.
Ou seja, embora, por agora, a informação recolhida pela bola não seja um tema de segurança. A tecnologia usada, e principalmente a forma como a usamos, deve ser uma preocupação, que exige cuidado.
Para serem usados em segurança, os equipamentos como os cartões "contactless" devem estar protegidos com carteiras ou capas próprias, que inibem a comunicação com dispositivos estranhos que estejam próximos. Ao mesmo tempo, os seus detentores devem estar atentos ao que se passa à sua volta quando usam os cartões, nomeadamente em espaços públicos ou de maior afluência de pessoas. Quanto aos equipamentos móveis, os seus utilizadores devem ligar a opção NFC apenas quando é necessário para fazer a transmissão ou recolha de dados e apenas em contacto com outros dispositivos em que já confiam.
Voltando ao desporto, em 1904 o maratonista Fred Lortz fez 17 quilómetros da Maratona Olímpica de Saint Louis à boleia de um automóvel. Já em 1976, nos Jogos Olímpicos de Montreal, o esgrimista Boris Onishchenko utilizou um dispositivo eletrónico no pulso para ativação do toque e assim obter pontos ilicitamente.
Ou seja, a tecnologia sempre permitiu o bom e o mau uso, no caso, a batota. Por isso mesmo é necessário nunca descurar a segurança.
CEO Multicert
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