Opinião
Ciência, economia e vacinação contra a covid-19
As vacinas serão um poderoso e decisivo instrumento à disposição dos portugueses, mas não podem ser confundidas com um golpe de magia que vai acabar com a pandemia e as incertezas.
As vacinas representam a chegada de um aliado decisivo na luta contra a pandemia de covid-19. Demonstração clara da importância da ciência nas nossas vidas, resultados obtidos após fortíssimas apostas das grandes empresas farmacêuticas e dos poderes públicos dos Países mais poderosos.
Portugal esteve presente neste caminho. A vacina desenvolvida pela empresa Moderna, agora em fase final de aprovação, teve um contributo decisivo do Instituto de Biologia Experimental e Biológica (IBET) entre 2015 e 2019, investigando, desenvolvendo e fornecendo os biofármacos, RNA mensageiro, para os ensaios clínicos em diferentes aplicações terapêuticas. Esta parceria IBET/Moderna foi decisiva para o avanço da tecnologia agora aplicada na vacina contra a covid-19, tendo a transferência tecnológica ocorrida de Oeiras para os Estados Unidos no ano passado. Na verdade, mais um caso de sucesso da política científica de Mariano Gago.
Logo a partir dos primeiros passos desta operação de investigação e desenvolvimento das vacinas, a União Europeia tem estado à altura das suas responsabilidades. Promoveu extensos apoios aos processos científicos, garantiu conforto económico às empresas farmacêuticas através de aquisições antecipadas, assumindo o risco de não aprovação das projetos de vacinas, apoiou os estados membros nos procedimentos de aquisição, distribuição e elaboração dos planos de vacinação. Finalmente, garantiu compromisso político de iniciar em simultâneo a sua execução entre 27 e 29 de dezembro, sinalizando que a solução terá que ser global, ninguém se salva sozinho.
O plano de vacinação em Portugal conta com o contributo das Forças Armadas, Forças de Segurança e serviços de inteligência na sua preparação, com o empenho e a responsabilidade de empresas de logística de medicamentos, com a indispensável contribuição dos profissionais de saúde na sua execução. Recorrer aos melhores especialistas, militares na programação, grossistas na distribuição, farmacêuticos e enfermeiros da rede de cuidados de saúde primários é a melhor garantia de sucesso que pode ser dada aos portugueses.
As vacinas serão um poderoso e decisivo instrumento à disposição dos portugueses, mas não podem ser confundidas com um golpe de magia que vai acabar com a pandemia e as incertezas. A boa execução do plano minimizará o tempo necessário e estimulará a confiança de todos. Comunicar, divulgar, explicar são tarefas cruciais nas próximas semanas. De forma equilibrada com a prioridade que se mantém e manterá nos próximos meses: não coloque em risco a sua saúde nem a saúde dos seus mais próximos; respeite as regras mais essenciais: distância social, máscara, etiqueta respiratória; compreenda e respeite as restrições à circulação em vigor; sempre que possível prefira o teletrabalho; peça ajuda sempre que sentir necessidade.