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29 de Maio de 2015 às 09:51

Partido Economista Português

Depois de o PS ter ido pedir ajuda a um grupo de 12 economistas, para que executassem um plano pré-programa eleitoral, eis que o PSD recusa ir pelo mesmo caminho e junta uma equipa de 20 economistas, em que três deles pedem anonimato

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Depois de o PS ter ido pedir ajuda a um grupo de 12 economistas, para que executassem um plano pré-programa eleitoral, eis que o PSD recusa ir pelo mesmo caminho e junta uma equipa de 20 economistas, em que três deles pedem anonimato (e não se sabe a identidade de outros cinco) para elaborarem um plano pré-programa eleitoral. A democracia é isto. A possibilidade de os partidos poderem escolher caminhos distintos.

A primeira conclusão a que chego é que os economistas em Portugal andam com imenso tempo livre. O facto de haver 32 economistas, ligados ao PS ou ao PSD, que não têm trabalho a tempo inteiro, e que podem dedicar horas a estas reuniões, demonstra que o país está longe de estar recuperado e que ainda falta fazer muitas reformas, nomeadamente a nível do mercado de trabalho. Basta ver que há economistas a mais para um mercado tão pequeno.

Do pouco que se sabe, e segundo li, este grupo de economistas não tem liderança assumida - a Goldman Sachs evita sempre dar nas vistas - e é coordenado por Pedro Reis, ex-presidente da AICEP, e João Moreira Rato, ex-presidente do IGCP. Cá está o tal tempo livre, são ex. Estão sem trabalho. Ou melhor, estão entre empregos. Pelo perfil destes economistas do PSD, é difícil fazer palpites. Mas, sendo Pedro Reis irmão do presidente da RTP, penso que, pelo menos aí, não devem sugerir cortes.

Já lá vai o tempo em que os programas de governo partiam de ideias de políticos. Agora já não é bem assim. Um partido que quer ser do arco da governação, e respeitado lá fora, não faz política sem primeiro contratar economistas para definirem que política deve fazer. Ou seja, os economistas fazem o projecto da casa e escolhem a mobília. Cabe à política o papel de decidir em que posição vamos pôr o sofá. Já lá vão, quase, quatro dezenas de anos, desde a célebre rodagem até à Figueira da Foz e ainda continuamos com esta obsessão em procurar um rumo, pondo um economista ao leme. Isto já é mais parvo do que o Sebastianismo.

Se, por um lado, este modelo baseado em moldes políticos definidos por técnicos de contas asfixia, de algum modo, a política, o que me parece negativo, por outro, o facto de podermos ter, pelo menos, 11 economistas para cada lado, permite que, em caso de empate - ou seja, caso as propostas sejam muito parecidas -, seja possível tirar as dúvidas através de um jogo de futebol no Estádio Nacional. Recomendava uma equipa de arbitragem da UTAO.

Para terminar, não quero ser alarmista mas, da última vez que um grupo de economistas do PSD esteve reunido tanto tempo, foi quando fizeram o BPN. Corremos o risco que, após nove horas de reuniões, o Estado seja chamado a salvar o grupo de economistas liberais do PSD. Seja como for, acho positivo ver os economistas do PSD reunidos. Espero que seja o primeiro passo para a Merkel legalizar as claques. 


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Meia dúzia de economistas anónimos


1 "Volvo Ocean Race chegou a Lisboa" - e se transformássemos os refugiados do Mediterrâneo numa regata? Havia champanhe para todos à chegada!

2 "Queniano oferece '50 vacas' para casar com filha de Obama" - vai receber uma visita de um drone. O Bush pensava duas vezes.

3 "Maioria impede que UTAO apure valor total dos benefícios fiscais ao Novo Banco" - o programa do PS devia ser analisado pela UTAO para ver se não era ficção Mas a realidade do novo banco, não.

4 "Durão Barroso no lugar de Balsemão no Bilderberg" - vai deixar de levar convidados porque as doses ao almoço não dão para duas pessoas com fome.

5 "Saúde: Opus Dei desmente interferência no Hospital Santa Maria" - só nas extremas-unções. Vão investigar, se Deus quiser.

6 "Portugal pode receber 10 milhões de euros para acolher 1701 refugiados" - vão ficar no Ritz.

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