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A cunha para a garagem de Madonna

Madonna é um dos ícones que melhor vende a boa imagem de Lisboa e Portugal nos mercados externos. Merece benefícios por isso, mas de forma transparente e não de cunhas "ad hoc". 

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O principal motor da recuperação económica portuguesa é o turismo. Há várias razões para este "boom" que fez deslocar milhões de novos turistas rumo ao país mais ocidental da Europa. Entre o medo a destinos concorrentes do Mediterrâneo oriental e o aumento da oferta de voos das companhias aéreas, há várias razões para que cidades como Lisboa e Porto já não sintam o efeito da sazonalidade. Estão cheias de visitantes praticamente o ano inteiro. 

 

A explosão turística, associada às novas aplicações da internet que revolucionaram o negócio do alojamento, também contribuiu para a valorização do mercado imobiliário. Este aquecimento dos preços, que tem impacto negativo nos inquilinos que viram disparar os contratos, tem um efeito muito positivo nas receitas fiscais e particularmente nas dos municípios, como o IMT, além das já generosas verbas do IMI.

 

Houve uma conjugação de factores para este ciclo favorável do turismo e para a impressionante recuperação do mercado imobiliário. Tudo isto permitiu a criação de milhares de postos de trabalho e aumento da riqueza.

 

O turismo é um dos sectores que criam mais riqueza que fica por cá. Desde os postos de trabalho directos e indirectos à vasta panóplia de empresas que vivem à conta do sector, como os restaurantes e seus fornecedores, o alojamento, as empresas de transportes e tantos serviços que gravitam à volta do negócio.

 

Nesta onda, Lisboa beneficiou de outro efeito: é o local escolhido por muitas estrelas do cinema, da moda, da música. Nenhuma delas brilha mais e promove tanto Lisboa como Madonna. Cada imagem colocada nas redes sociais chega a milhões de pessoas. A rainha da pop vale mais do que uma campanha institucional em mercados relevantes.

 

Por isso, tal como o Estado dá incentivos fiscais a empresas e a investimentos que geram riqueza, não choca que Madonna tenha alguns benefícios em troca do seu contributo para a boa imagem do país, que convém manter na moda para continuar a atrair turistas. Mas estas benesses a Madonna, ou a qualquer outra estrela que tenha um impacto positivo na economia ou na cultura do país, não podem ser atribuídas de forma escondida, como um favor, tal como aconteceu com a cunha do presidente da Câmara de Lisboa para o parque de estacionamento dos carros da diva.

 

Pelo papel que desempenha na promoção externa da cidade e do país, a cantora pop merece um tratamento especial, mas dado de forma transparente e justificada, num protocolo que estabeleça direitos e deveres. Nunca através de cunhas manhosas.

 

Saldo positivo: Aga Khan

 

Há muito que Lisboa é uma cidade importante para a comunidade ismaelita, de tal forma que foi escolhida para sede da Fundação Aga Khan. O líder desta comunidade que congrega cerca de 15 milhões de fiéis muçulmanos celebra os 60 anos de reinado e arrasta até Portugal perto de 45 mil fiéis. O príncipe tem uma recepção com honras de Estado. Representa uma dinastia com ligação directa a Maomé e o seu pai foi uma das primeiras figuras do "jet set" mundial, tendo sido casado com a actriz Rita Hayworth.  

 

Saldo negativo: dívida bruta

 

Os dados não são surpreendentes. Já tinham sido antecipados, mas o valor recorde da dívida pública, medida na óptica de Maastricht, é preocupante: 250,3 mil milhões de euros. Em Abril, já tinha subido e em Maio somou mais 300 milhões de euros. Perante este valor da dívida bruta, dizer que em percentagem do PIB a economia regista algum desendividamento é um fraco paliativo. Se em tempo de vacas relativamente gordas e de juros baixos é assim, o que será em tempos adversos?

 

Algo completamente diferente: a nova aventura de CR7 no sopé dos Alpes

 

A eliminação prematura de Portugal no Mundial de futebol não garantirá, porventura, a sexta bola de ouro, símbolo de melhor jogador do mundo, a Ronaldo, mas o craque galáctico volta a ser protagonista em mais uma transferência milionária. A provável ida para Turim não será o maior negócio futebolístico do Verão, mas um jogador com 33 anos ser negociado por valores superiores a 100 milhões de euros é absolutamente extraordinário. E CR7 quer ainda escrever mais páginas lendárias na história do futebol, porque se fosse só uma questão de dinheiro ia jogar para a China ou para as Arábias. 

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