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04 de Março de 2018 às 18:10

Cristas quer a herança de Passos Coelho. Será boa ideia? 

O problema é que desde o advento da "geringonça" ficou estabelecido que a política portuguesa se fazia em torno de apenas dois blocos. O de direita e o de esquerda. Nem mesmo a original social-democracia portuguesa ficou incomodada com esta classificação.

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O congresso dos centristas, liberais, democratas-cristãos e outras correntes ideológicas afins está a chegar e com ele a tentativa de afirmar o CDS/PP como o grande partido da direita portuguesa. Vendo as coisas pelos olhos dos populares parece normal que assim seja.

 

O problema é que desde o advento da "geringonça" ficou estabelecido que a política portuguesa se fazia em torno de apenas dois blocos. O de direita e o de esquerda. Nem mesmo a original social-democracia portuguesa ficou incomodada com esta classificação.

 

A saída de Passos Coelho e o reposicionamento centrista de Rui Rio abre a Assunção Cristas a oportunidade de entrar na corrida pela representação dos habituais votantes no PSD que não querem nada com aproximações a António Costa. A avaliar pelo comportamento do grupo parlamentar não serão assim tão poucos.

 

A posição combativa de Cristas, que tanto irrita o primeiro-ministro, e o adormecimento de Passos Coelho nos dois últimos anos garantiram-lhe um papel de primeiro plano na oposição às "esquerdas unidas", como tanto gosta de dizer. O caminho de aproximação que Rui Rio quer fazer ao centro-esquerda e o comportamento discreto que Negrão terá no Parlamento poderão agora ajudá-la a reforçar a condição de "líder da oposição".

 

Se o discurso da líder popular começar a entrar na base eleitoral laranja, iremos assistir certamente a uma reação da parte de Rui Rio que em vez de estar concentrado no flanco esquerdo da sua frente de terá de deslocar as suas forças e o seu discurso para o flanco direito. Este combate poderá fazer variar o peso eleitoral de cada partido. Mas dificilmente fará aumentar o espaço hoje ocupado pelo "bloco de direita".

 

Sabendo que, com a exceção de 1987, em todas as eleições legislativas do período democrático as forças de esquerda tiveram mais votos somados do que as de direita, permitindo apenas que CDS e PSD cheguem ao poder em resultado da aplicação do método de Hondt, fácil será perceber que uma guerra fratricida entre os dois partidos poderá conduzir à perpetuação da esquerda no poder.

 

Jurista

 

Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

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